As manifestações do dia 21 de setembro, sucesso de público, marcaram a volta da esquerda às manifestações de rua, dominadas há alguns anos pelos bolsonaristas.
A presença de artistas consagrados nos palcos, intercalados com outros mais jovens, conhecidos pelas novas gerações, dão o tom do real significado das manifestações: (1) o endosso, pela organização dos eventos, de pautas do STF, o real “poder moderador” da atual República; (2) a sinalização de “passagem de bastão” pela velha guarda petista para novas lideranças que despontam no cenário político, tendo em vista a ausência de Lula (viajou para os EUA para participar da Assembleia Geral da ONU) e a presença de Guilherme Boulos e Tábata Amaral no carro de som da Avenida Paulista.
A oposição à “PEC da Blindagem” e ao projeto de Anistia, antes de serem pautas caras ao governo, o são para o Supremo. Sem a “blindagem”, a mera volta às imunidades parlamentares presentes no texto original da Constituição, o STF mantém as rédeas curtas sobre o Legislativo, aproveitando-se da retórica – bastante explorada recentemente – que as imunidades seriam um instrumento para cometer delitos. Mobilizando a “opinião pública” e a população em geral – com a ajuda de manifestações como as de ontem – coloca pressão para que a pauta não avance no Senado. Ou que, ao menos, seja mitigada e desidratada – assim como fizeram com o PL da Anistia.
Nesse ponto, é curioso que a volta da esquerda às ruas aconteça com a presença de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Daniela Mercury, Djavan, Leoni e outros, mas também com uma pauta de “moralização da política”, de supervisão dos órgãos de controle sobre os políticos eleitos. Tal como foram a campanha pela Lei da Ficha Limpa e também pelo apoio à Lava Jato.
Evidentemente que o grito do “sem anistia!”, tornado um bordão já, não teria tanta força se não fossem os desatinos dos bolsonaristas, tanto na participação dos atos de 08 de janeiro como na campanha movida por Eduardo Bolsonaro junto ao governo Trump, fazendo lobby por sanções que, antes de prejudicar os ministros do STF, causam dano a vários setores de nossa economia. Sendo que sanções como o impedimento de locomoção do ministro da Saúde Alexandre Padilha pelo território dos EUA beiram o ridículo.
As manifestações contaram com apoio de organizações como a 342 Artes e a Mídia Ninja. Esta última tornou-se célebre nas manifestações de junho de 2013, que conta com apoio da Fundação Ford.. Já a primeira foi fundada por Paul Lavigne, esposa de Caetano, uma verdadeira eminência parda da indústria cultural brasileira e está afiliada ao Washington Brazil Office, um organismo com sede na capital dos EUA, que reúne personalidades brasileiras e norte-americanas, ligadas às redes do Partido Democrata.


Imagem: Agência EBC e STF.
