Lorenzo Carrasco
A renúncia do primeiro-ministro Sebastien Lecornu, que havia assumido o cargo há menos de um mês, bateu um recorde histórico e deixou a França atolada numa crise que parece sem fim; foram cinco primeiros-ministros em apenas dois anos.
Lecornu pediu para sair depois que vários partidos da Assembleia Nacional ameaçaram vetar a recomposição do gabinete proposta por ele, escancarando a fragilidade do governo do presidente Emmanuel Macron, cuja popularidade está derretendo mais rapidamente do que o bloco de gelo benzido pelo papa Leão XIV na Conferência de Justiça Climática, realizada na semana passada, no Vaticano.
O Rassemblement National (Reagrupamento Nacional) de Marine Le Pen não perdeu tempo em afirmar nas redes sociais que “o macronismo está esgotado”, ressaltando que não resta a Macron outra alternativa se não dissolver a Assembleia Nacional ou renunciar.
A situação crítica de Macron é bastante problemática para o governo Lula, pois o presidente francês é o seu principal apoio internacional para a realização da conferência climática COP30, como se viu nos “namoros” dos dois em Belém e Paris, com direito até mesmo a foto de mãos dadas saltitando à margem de um igarapé.
Com uma crise política de bom tamanho nas mãos, não será surpresa se Macron cancelar a sua participação no convescote de Belém, em pouco mais de um mês. Se isto ocorrer, Lula ficará pendurado numa proverbial brocha verde, em uma conferência que já se afundou nos igarapés amazônicos.
