A “solução dinamarquesa” é aquilo que tentam matar no Brasil.
Wellington Calasans
A miscigenação é um dos pilares históricos da identidade brasileira. Desde os tempos coloniais, a interação entre indígenas, europeus e africanos forjou uma sociedade profundamente híbrida, cuja cultura, linguagem e até mesmo a noção de pertencimento nacional se constroem sobre essa base plural.
Intelectuais como Gilberto Freyre já destacavam a mestiçagem como elemento central da formação social brasileira, não como um defeito, mas como uma força constitutiva. Essa identidade, embora complexa e criticada por eventuais contradições — como a persistência de desigualdades raciais —, tem resistido a tentativas externas de impor modelos binários de raça, como o esquema “branco versus negro” típico dos Estados Unidos, que ignora a realidade demográfica e histórica do Brasil.
Por outro lado, países nórdicos como a Dinamarca construíram sua identidade nacional sobre a homogeneidade étnica e cultural. Durante séculos, sua coesão social e estabilidade institucional foram sustentadas por uma população relativamente uniforme. Contudo, nas últimas décadas, pressões demográficas — como o envelhecimento populacional e a baixa natalidade — levaram governos europeus a adotar políticas de imigração em larga escala.
Agora, uma propaganda estatal dinamarquesa, que desencoraja relacionamentos entre brancos nativos como “endogamia genética”, não é um acaso: é um sintoma de uma política demográfica deliberada, que busca reconfigurar a composição étnica do país sob o pretexto de “diversidade” e “saúde genética”.
Essa reconfiguração interessa a elites políticas e econômicas europeias por múltiplas razões. Primeiro, a imigração em massa serve como uma fonte de mão de obra barata num continente com déficit de jovens trabalhadores.
Segundo, a dissolução da identidade nacional tradicional facilita a governança supranacional, especialmente no contexto da União Europeia, onde identidades locais fortes são vistas como obstáculos à integração política e econômica.
Por fim, há um componente ideológico: a promoção de uma narrativa antinacionalista e antirracial, que criminaliza a preservação de culturas nativas enquanto exalta a mistura forçada como virtude moral.
No Brasil, contudo, impor essa mesma lógica seria profundamente destrutivo. O país já é miscigenado por natureza histórica — não por decreto ideológico. Tentar importar a dicotomia racial norte-americana ou europeia não só distorce a realidade social brasileira, como também fragmenta uma sociedade que, apesar de suas falhas, sempre se reconheceu como uma unidade cultural composta por múltiplas raízes.
A imposição de uma “guerra racial” artificial serve aos interesses de potências que desejam enfraquecer a soberania brasileira, dividindo seu povo e desviando a atenção de questões estruturais como exploração econômica, dependência tecnológica e submissão geopolítica.
Portanto, enquanto a Dinamarca promove a miscigenação como ferramenta de engenharia social para resolver crises demográficas autoinfligidas, o Brasil deve defender sua identidade mestiça autêntica contra narrativas importadas que visam transformar sua força histórica em campo de batalha ideológico.
A unidade nacional brasileira não depende da homogeneidade — ao contrário, ela floresce na diversidade orgânica, não na diversidade imposta por propagandas estatais que tratam a ancestralidade europeia como um defeito a ser corrigido. Defender essa singularidade não é racismo; é resistência à colonização cultural disfarçada de progresso.
