
Ou Bolsonaro rompe com o teto de gastos ou o teto cai em sua cabeça, conforme publicamos aqui. Sem manter o auxílio emergencial em R$ 600,00, o presidente propôs criar seu Renda Brasil, como substituto não só do auxílio, mas também do Bolsa Família. Desautorizado pela equipe econômica, que sugeriu o congelamento de aposentadorias e pensões para que o Renda Brasil fosse criado, Bolsonaro resolveu bater na mesa: aí já é demais. Assim, o Renda Brasil, por enquanto, fica na geladeira, mantendo-se o Bolsa Família.
É verdade que o presidente teve ganhos em popularidade. Mas com a redução do auxílio emergencial pela metade, que deve terminar em dezembro deste ano, ele começa a ter maiores preocupações. Não tem força para romper com o garrote fiscal, imposto pelo teto de gastos e outros dispositivos legais que limitam as despesas públicas. O trâmite das leis orçamentárias no Congresso Nacional nunca foi simples, nem nos tempos de bonança, em que as receitas cresciam, mas agora está ainda mais complicada. Diante de uma possível iniciativa de romper o garrote, a grande mídia, com seus jornalistas vedetes “especializados em economia” e o presidente da Câmara se juntam ao Ministro da Economia para defender a ortodoxia fiscalista. Isto em um ano em que a “impressão de dinheiro”, ou seja, a emissão de dinheiro em função do auxílio emergencial e outras incluídas no Orçamento de Guerra atingiu recordes.

Além das demandas populares por um programa de renda básica, há o pleito de alguns setores do governo por ampliação de investimentos públicos para infraestrutura. Contrariamente do que afirma a ortodoxia o investimento público é fundamental para o reerguimento da economia, com capacidade de ampliar sim o desejado investimento privado.
Bolsonaro tem diante de si uma “Escolha de Sofia”: tomar medidas ousadas ou se manter cativo de sua equipe econômica. Não custa lembrar que tivemos uma presidente da República afastada com base em infrações mal qualificadas de “pedaladas fiscais”. Entretanto Dilma não tinha força eleitoral que ele ainda mantém, nem contava com o potencial de ampliar a popularidade que Bolsonaro ainda tem. Cabe ao presidente escolher.