
Quando esteve na semana passada no canal “Triangulando”, Lula foi questionado, diante de um grupo de entrevistadores que incluam lideranças LGBT e ex-participantes do BBB, sobre uma foto dele que estaria circulando nas redes sociais com o Pastor Isidoro. O pastor é deputado federal pela Bahia, do partido Avante, e foto que ele publicou é esta abaixo.

No programa, a travesti Linn da Quebrada acusa o pastor de promover discurso de ódio contra a comunidade que representa, “de violência contra corpos e morte” dos LGBT, nas palavras dela. Acusa indiretamente o pastor de responsável por genocídio contra este grupo, confrontando o ex-presidente, de forma incisiva, na cumplicidade em tais atos ao deixar se fotografar ao lado do pastor. Mesmo que, em 2019, Isidório tenha ganhado notoriedade ao se apresentar como interlocutor de Jair Bolsonaro, afirmando que “para conversar com um doido só outro doido”. Isto, antes das acusações de “genocida” terem sido lançadas contra o atual presidente.
Nota-se que Lula está engajado em um esforço por recuperar a presidência, diante da catástrofe política e econômica do atual governo. Para isso, faz uso daquilo que bem sabe fazer em toda sua carreira política, que é colocar como interlocutor dos mais diversos campos políticos, da esquerda e à direita, do Centrão à jovem militância. Mas em alguns setores mais “modernos”, ou pós-modernos, parece estar se criando uma militância movida à lacração que parece exigir de Lula algo que ele não pode fazer no momento, que é um radicalismo que lhe queimaria pontes. Utilizando um famoso provérbio espanhol, Lula estaria criando corvos que depois lhe arrancariam os olhos.
Para esta gente, de nada adianta se explicar, na defensiva diante de uma ilustre desconhecida fora dos meios LGBT, que o Pastor Isidório faz um ótimo trabalho social que lhe ajudou a conquistar o mandato de deputado estadual e depois federal. De nada adianta dizer que os evangélicos/protestantes já são em torno de 30% da população, ainda em ritmo de crescimento.