Por Raphael Machado, da Nova Resistência
A revista Time é muito interessante como janela que permite vislumbrar aspectos importantes das posições e expectativas políticas, geopolíticas, econômicas e culturais da elite cosmopolita.
A nova edição da revista, tendo como tema principal a operação militar russa na Ucrânia, vem com o título de capa “O Retorno da História”.
Esse é um título tão revelador que a gente não pode deixar para lá.
A concepção historicista do liberalismo é a de uma evolução progressiva em linha reta da ignorância/barbárie/trevas rumo ao esclarecimento/civilização/luz. E a história sendo, necessariamente, conflituosa (já que o liberalismo emerge como oposição a um estado de coisas), o liberalismo enfrenta as outras teorias políticas até alcançar a vitória no fim da Guerra Fria.
A partir de então, os arautos do liberalismo anunciam o fim de todas as grandes disputas políticas e ideológicas. O modelo político derradeiro foi descoberto, o sistema econômico final foi alcançado. O liberalismo se desideologiza e vira um ambiente, uma atmosfera geral, horizontal, rizomática. A política se despolitiza e vira gerenciamento tecnocrático de recursos e interesses.
A tarefa da elite, unificada globalmente como casta transfronteiriça, se torna a de conduzir este processo, simplesmente aperfeiçoando o modelo, aos poucos, e garantindo que ele se espalhe por todos os rincões reacionários, retrógrados, recalcitrantes do planeta, onde povos atrasados e bárbaros insistem em se apegar a “modelos disfuncionais” e “já superados pela ciência”.
A todos esses processos e muitos outros Francis Fukuyama deu o nome de “Fim da História”. A história, interpretada como disputa e conflito, tem fim. Resta a construção de um Governo Mundial, com uma elite cosmopolita, uma massa amorfa de nômades precarizados e sem identidade como casta de escravos, uma pós-cultura plastificada e líquida, relações sociais fugazes, etc.
Para mim e para qualquer pessoa normal lendo isso parece um pesadelo. Para Klaus Schwab, George Soros, David Rothschild, etc., é um sonho, o paraíso terreno.
A ideia é a de que Putin nunca ousaria resistir de maneira aberta e frontal. A ideia era de que o “progresso” era inevitável. De que todas as forças “bárbaras” e “reacionárias” seriam arrastadas pelas marés da história e que elas só poderiam reagir moderadamente, defensivamente, sempre recuando e recuando, até que Moscou, Pequim, Pyongyang, Minsk, Teerã, Bagdá, Damasco, etc., eventualmente se rendessem e se integrassem na inevitável, avassaladora, moral, científica, ordem global.
Putin, ao decidir, de maneira até surpreendente para muita gente próxima, entrar na Ucrânia enterrou 300 anos de planejamento e estratégia globalista do liberalismo.
A História voltou. E ai de quem quiser encerrá-la novamente.
Grande Putin, jogou um caminhão de caca na mesa do banquete dos liberais. 🤣🤣🤣🤣🤣