Quem te viu, quem te vê: diplomata dos EUA elogia Lula e o vê como “ponte para nova esquerda”

Fidel Castro deve ter se remexido no túmulo. Isso porque o ex-embaixador dos EUA no Brasil Thomas Shannon afirmou que Lula deve representar “uma ponte entre a velha esquerda e a nova esquerda”, em um gesto que reflete a nova “vibe” do antigo aliado da luta anti-imperialista na América Latina. A sintomática declaração foi dada em entrevista publicada na última semana no jornal O Globo.

Shannon ainda enfatizou o “bom relacionamento” existente entre Joe Biden e o presidente eleito do Brasil, traduzido no rápido reconhecimento da vitória eleitoral de Lula pelo governo estadunidense.

Outro destaque foi a afirmação de que o petista deve ser peça-chave para a mudança de regime na Venezuela. A ação, segundo o diplomata, deve ainda envolver outros presidentes “de esquerda” da região, como Boric, do Chile, e Petro, da Colômbia.

As falas de Shannon – que nos anos 90 seriam impensáveis – são apenas mais um indício da metamorfose pela qual o PT e quase toda a esquerda brasileira têm passado. Os Estados Unidos das invasões militares, golpes de Estado e guerras híbridas, subitamente, tornaram-se um ponto de confluência de interesses com aquilo que agora já podemos chamar oficialmente de New Left.

Afinal, questões como soberania e desenvolvimento econômico há muito já deixaram de ser temas relevantes para esse outrora combativo campo político. O central agora é “ideologia de gênero”, “neoracialismo” e “mudanças climáticas” – todas pautas artificiais nas quais os EUA são os maiores especialistas no mundo.