Por Deng Xiaoci, do Global Times.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, revelou na terça-feira que deve visitar a China no próximo mês. De acordo com analistas chineses, Israel buscará aumentar os laços bilaterais com a China no processo de reequilíbrio de poder regional em um momento em que os países do Oriente Médio estão cada vez mais envolvidos em uma “onda de reconciliação”, desde que a China intermediou uma aproximação entre a Arábia Saudita e o Irã em março. Isso também servirá como um lembrete para os EUA de que Israel tem outras opções diplomáticas além de Washington, observaram os especialistas.
O primeiro-ministro israelense anunciou sua viagem à China quando se reuniu com parlamentares do EUA em Jerusalém na terça-feira. A visita não foi anunciada oficialmente por Israel ou pela China até o momento.
No entanto, a mídia local israelense disse que a visita de Netanyahu à China ocorre em um momento em que os laços entre Israel e os EUA foram prejudicados pelo atual governo, com a administração Biden cada vez mais franca em suas críticas às políticas israelenses.
O presidente dos EUA, Joe Biden, tem mantido Netanyahu publicamente à distância. Em março, ele disse que Netanyahu não seria convidado no curto prazo, no contexto dos protestos em Israel contra os planos do governo de reformar o Judiciário.
A visita de Netanyahu à China enviaria aos EUA uma mensagem clara de que Israel poderia ter vários parceiros em diferentes áreas – tendo os EUA como parceiro de segurança e a China como parceiro político, comercial e de ciência e tecnologia, disse Sun Degang, diretor do Centro de Estudos do Oriente Médio da Universidade de Fudan, ao Global Times na quarta-feira, acrescentando que, apesar do descontentamento e da oposição do governo Biden, Israel não fará concessões em relação às suas políticas.
O gabinete de Netanyahu disse que Washington havia sido notificado sobre a visita planejada há um mês e insistiu que os laços com os EUA estariam “no auge”, de acordo com relatos da mídia.
A redação mostra que Israel considera sua aliança com os EUA como um ativo existente que espera manter, e suas relações com a China como um incremento que espera melhorar, e os dois não são contraditórios, disse Sun, observando que, ao mostrar uma postura pró-EUA, mas não anti-China, Israel está expressando sua relutância em servir como um peão dos EUA no esquema de Washington para conter a China.
A região do Oriente Médio está passando por uma grande mudança depois que a Arábia Saudita e o Irã retomaram as relações com a ajuda da China, e os países da região estão cada vez mais envolvidos em uma “onda de reconciliação”, disse Sun. Israel precisaria acompanhar a tendência e aprimorar suas relações com a China durante a viagem para alcançar seu próprio reequilíbrio de poder, acrescentou.
A visita de Netanyahu à China ocorrerá após a viagem do presidente palestino Mahmoud Abbas a Pequim no início de junho. Durante a viagem de Abbas, a China apresentou uma proposta de três pontos para a solução da questão palestina, de acordo com a Agência de Notícias Xinhua.
Isso prova que, depois de intermediar a reconciliação entre a Arábia Saudita e o Irã, a China continua a mostrar sua determinação em intermediar a paz na região do Oriente Médio, e abordar o conflito entre Palestina e Israel é uma das prioridades da agenda para implementar a Iniciativa de Segurança Global da China, disse Sun.
Zhang Jun, representante permanente da China nas Nações Unidas, pediu na quarta-feira esforços para romper o ciclo de violência entre israelenses e palestinos e lutar pela segurança comum.