
Da RTP Notícias.
O governo chinês vai manter a proibição de uso de iphones na China nos próximos tempos, exigindo a empresas públicas e aos trabalhadores para não utilizarem dispositivos da Apple. Num momento de grande tensão com os Estados Unidos, Pequim não quer empregados do Estado que trabalhem com matérias sensíveis a utilizar os celulares americanos.
A China vem proibindo a utilização de tecnologia estrangeira em empresas ligadas ao governo desde 2018, sendo que a maioria dos empregados tem um celular próprio para assuntos de trabalho. Em 2021, a China tinha mais de 150 mil empresas pertencentes ao Estado, com mais de 56 milhões de empregados.
Na última quinta-feira, tanto a Reuters como o Wall Street Journal noticiaram que estes funcionários receberam estas ordens de proibição em reuniões no local de trabalho. Como consequência, as ações da Apple tiveram de seis por cento de queda, já que a China é um dos maiores mercados da empresa norte-americana, cerca de um quinto dos seus lucros.
A Apple mantém cerca de 90 por cento da sua produção centrada na China. Em Taiwan, uma das empresas ligadas à Apple emprega mais de um milhão de pessoas. No entanto, com as disrupções sentidas durante a pandemia de covid-19, a tecnológica norte-americana está a tentar deslocalizar a sua produção para o Vietnã e Índia, com o Iphone 14 a ser já produzido neste último.
Pela primeira vez a Apple montou um dos seus principais aparelhos de celular fora da China, o que foi visto como um primeiro movimento para se distanciar dos chineses, com a Índia a tornar-se no segundo maior produtor mundial de smartphones. A empresa americana acaba assim por se tornar numa das vítimas da tensão entre Pequim em Washington.
Analistas explicam que a interdição de Pequim pode ter como origem as proibições americanas da Huawei da rede nacional 5G e uma maneira de os Estados Unidos manterem a sua indústria de semicondutores competitiva contra a concorrência chinesa.
O governo norte-americano mantém a explicação de que a utilização da Huawei e ZTE são um “risco nacional” para a segurança dos Estados Unidos. O Tik tok, rede social chinesa, também está banido. Pequim, em contrapartida, ordenou que as mais importantes infraestruturas na China não comprassem mais produtos americanos, uma ordem para tornar o regime de Xi Jinping autossuficiente na produção de semicondutores.