
Por Wellington Calasans.
A guerra da OTAN – por procuração – contra a Rússia, na Ucrânia, começa a ganhar as ramificações que poucos analistas tiveram a coragem e independência de prenunciar. Bastava um pouco de honestidade intelectual e muita coisa ruim poderia ter sido evitada, inclusive as mortes.
Enquanto a imprensa ocidental substituía o jornalismo pela propaganda e alguns “caça cliques” criavam “estórias” mirabolantes de uma “Ucrânia vencedora” ou de uma “Rússia humilhada”, aqueles que viram após quatro dias (início de março de 2022) que a Rússia tinha dominado o espaço aéreo da Ucrânia/OTAN já estavam preocupados com as guerras regionais que seriam o único plano de fuga possível aos países membros da OTAN.
Estamos no auge dos conflitos regionais. Em praticamente todo o mundo há uma grande tensão envolvendo interesses antagônicos das grandes potências. As provocações à Coreia do Norte e a crença de que a China permitirá imóvel a independência de Taiwan serão a cereja no bolo desta perigosa fronteira entre a paz e a hecatombe.
A consolidação da instabilidade no Oriente Médio, usando Israel como “boi de piranha”, é uma tentativa desesperada dos países membros da OTAN de nivelar por baixo as economias de todos os países.
Assim como Zelensky nunca teve autonomia para decidir coisa alguma, Bibi Netanyahu também não tem. Todos com mais de dois neurônios sabem que EUA e alguns países satélite (Alemanha, Inglaterra, Alemanha, França, etc.) alimentam esta instabilidade no Oriente Médio. Uma tentativa desesperada de justificar internamente o caos econômico decorrente da insanidade de lutar contra a Rússia na Ucrânia.
O problema é que para fazer novas guerras é preciso ter muito dinheiro, algo que não é mais possível apenas imprimindo dólares e euros. O erro de usar o Swift como arma de guerra acelerou o declínio econômico dos países membros da OTAN. Situação que será agravada se uma crise profunda for instaurada no Oriente Médio, pois os preços do petróleo e derivados irão disparar.
Fazer mais guerras é o “abraço dos afogados” que a OTAN tenta para, por indução ou por vocação (como no caso da elite e classe política do Brasil), parecer forte, impondo algum ar de superioridade, mesmo que seja apenas reinar como uma mosca sobre as vezes.
Mais guerras: o Iraque cansou dos EUA
O porta-voz do Comando Conjunto de Operações do Iraque (JOC), brigadeiro-general Yahya Rasool, afirma que o governo de Bagdá está determinado a acabar com a presença de tropas estrangeiras da coligação militar liderada pelos EUA supostamente formada para combater o grupo terrorista Takfiri Daesh.
“O governo iraquiano está decidido a pôr fim ao envio de forças estrangeiras ao país. Elaborou um plano de visão para a próxima fase, que inclui atividades técnicas conjuntas destinadas à saída da coligação liderada pelos EUA e à subsequente segurança e cooperação militar”, disse Rasool.
O alto funcionário da segurança iraquiana sublinhou que, com a presença de forças iraquianas capazes, a coligação militar liderada pelos EUA no Iraque já não é necessária.
O primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia’ al-Sudani, repetiu na quinta-feira o seu apelo para que a coligação liderada pelos EUA abandone o seu país, sublinhando que Bagdá exige a retirada imediata das forças devido às suas atividades desestabilizadoras.
Nota deste observador distante
A OTAN é cara e não protege. É como uma milícia que cobra e não entrega a segurança. A Europa só poderia sobreviver a essa extorsão se houvesse um divórcio com os EUA. A destruição da cultura dos países europeus pelo “nada” da chamada “cultura woke” leva políticos medíocres ao poder, consequentemente a decisões que conduzem os seus países às guerras e ao declínio, na mais completa obediência aos EUA.
Até mesmo a relação com a Índia, cortejada como “maior democracia do mundo” pelos europeus, é uma incógnita para esses países que não têm nada a oferecer para conquistar a confiança dos indianos.
A Índia já percebeu que para atingir bons níveis de prosperidade será melhor encontrar soluções pacíficas nas poucas divergências com a China e Rússia, pois a relação com os europeus é carregada de um conjunto de leis e regras que engessam a soberania indiana.
Os europeus ainda acham que o “kit democracia ocidental” é uma referência positiva para conquistar a confiança de outros países. Perece que a derrota na Ucrânia ainda não foi uma lição suficiente para uma nova postura política e diplomática dos decadentes ocidentais.
Nota complementar na imprensa árabe
A preocupação na Europa é que, apesar do calor das relações que desfruta com a Índia, exista um desalinhamento em questões de segurança fundamentais, como a guerra na Ucrânia. Aqui, Nova Deli tem procurado equilibrar as suas relações entre a sua dependência remanescente da Rússia, incluindo a energia, e o Ocidente.
Além disso, a Rússia continua a ser o maior fornecedor de armas da Índia, apesar de a sua quota ter caído de 70% para cerca de 50%, devido à decisão de Nova Deli de diversificar a sua carteira e aumentar a produção doméstica de defesa. Isto poderia deixar a Índia vulnerável às sanções dos EUA, decorrentes de legislação como a Lei de Combate aos Adversários da América através de sanções, que proíbe qualquer país de assinar acordos de defesa com a Rússia, o Irã e a Coreia do Norte.
Há também alguma preocupação na Europa com o histórico de direitos humanos da Índia sob Modi. Isto inclui o tratamento dispensado aos grupos minoritários sikhs e cristãos pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata, que ele dirige. Na verdade, o próprio Modi já foi sujeito a proibições de viajar nos EUA e no Reino Unido devido à violência comunitária de 2002, durante o seu mandato como ministro-chefe do estado ocidental de Gujarat, que matou cerca de 1.000 pessoas, na sua maioria muçulmanos.
Fim!