A Avibras foi vendida a um grupo australiano, Defendtex, com autorização do governo. Adquirindo 100% do capital da Avibrás, agora têm o controle sobre o sistema ASTROS de artilharia.
A venda dessa empresa é mais um capítulo na triste história de desnacionalização do setor de Defesa no país desde a década de 1990, quando a Engesa, fabricante dos tanques Osório foi vendida, passando por outras empresas importantes do setor, como a SIATT, fabricante de mísseis.
No mundo do todo, o setor de Defesa não se caracteriza por grandes retornos financeiros, comparado a outros ramos de negócio, sendo particularmente dependente das compras do governo – como é nas grandes potências.
Não se trata de culpar apenas o governo atual, pois o descaso com setor de Defesa vem de longe, desde o Governo Collor (1990-92) e, sobretudo, Fernando Henrique (1995-2002). Para piorar, nos últimos anos vêm se impondo um regime de restrição fiscal, que causa estragos no orçamento discricionário do setor de Defesa, ou seja, das despesas não vinculadas a gastos previdenciários e com pessoal, minando a capacidade de compras das Forças Armadas. Alegando problemas com a “situação fiscal”, os governos recentes e o atual se eximem de encampar as empresas de Defesa em dificuldade, deixando-as serem obtidas por grupos estrangeiros.
Com essas decisões desastradas, não só permitem a desnacionalização de um setor com tecnologia embutida – financiada também com recursos do próprio Estado nacional, como também abrem espaço para a perda de empregos qualificados no setor, caso os novos proprietários decidam fechar as fábricas no Brasil.
Conforme podemos observar, o atual governo brasileiro está completamente desorientado, sem estratégia de crescimento econômico ou de inserção internacional, seguindo metas de curto prazo de “equilíbrio fiscal” e de anfitrião de convescotes na Amazônia.
Para os que lamentaram que Lula não adotou uma postura mais confrontativa com os militares, na ocasião dos 60 anos do Golpe de 1964, devem ter ao menos sentido um alívio pela desnacionalização de um dos legados do Regime Militar: a Avibrás como parte da indústria de Defesa.
O Congresso e, principalmente, o alto comando das forças armadas também têm (ir)responsabilidade e culpa pela fragilidade fática brasileira.