
Do GeoPol.PT
Javier Milei fez uma viagem relâmpago na noite passada à cidade austral de Ushuaia, na Terra do Fogo, para se encontrar com a chefe do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), a general Laura Richardson, e demonstrar o seu alinhamento com Washington.
A visita não programada deveu-se ao anuncio da construção de um porto de águas profundas, que seria o porto mais meridional do planeta, com capitais chineses, num momento tenso das relações entre Buenos Aires e os poderes provinciais.
A general norte-americana, por seu turno, deslocou-se ao extremo sul do continente já no dia 2, para manifestar a sua rejeição pelo plano de construção do porto às autoridades locais e visitar os militares locais para conhecer as suas missões e o papel que desempenham na “proteção das rotas marítimas”.
A militar já confessou recentemente os interesses norte-americanos em romper todos os laços entre a Argentina e a China; e avançar na exploração dos recursos naturais, em particular, lítio, petróleo e água.
No entanto o governador da região da Terra do Fogo, Gustavo Melella, não recebeu a oficial de Washington e disse que esta não era bem vinda. “Não vamos receber formalmente, oficialmente e de forma alguma a chefe do Comando Sul dos Estados Unidos porque eles realizam práticas militares com a Grã-Bretanha no Atlântico Sul”, disse o governador Melella.
Já a senadora pela Terra do Fogo Cristina López, manifestou-se no mesmo sentido, repudiando a presença de Richardson na Terra do Fogo, salientando que se tratava de “exercícios militares com o Reino Unido nas nossas Malvinas”.
A presença da militar norte-americana provocou também a ira e a rejeição contundente das associações de veteranos da guerra das Malvinas.
Assim que saiu do avião, às 23:21 horas locais, Milei, a sua irmã Karina e o ministro da Defesa argentino, Luis Petri e o seu chefe de Gabinete, Nicolás Posse reuniram-se com Richardson e o embaixador dos EUA na Argentina, Marc Stanley.
Em seguida, num discurso marcadamente ideológico, o excêntrico presidente argentino reafirmou a sua aliança estratégica com Washington e anunciou que vão avançar com o desenvolvimento da base naval integrada com os EUA. Afirmou que “a soberania não se defende com isolacionismo e discursos pomposos, mas com convicção política e construindo alianças estratégicas com quem partilhamos a mesma visão do mundo”.
Milei aproveitou a oportunidade para sublinhar que “para além dos altos e baixos políticos, tanto aqui como lá, nós, argentinos, temos uma afinidade natural com os EUA. Ambos pertencemos à tradição ocidental”, numa clara alusão às divergências com a posição política da China, que evitou nomear.
A administração de Milei tem a mostrar a sua obediência a Washington com cada vez mais afinco. Desde as provocações públicas contra a China, a sua inexplicável saída dos BRICS, até aos acordos assinados na semana passada para a compra de 24 aviões de guerra à Dinamarca, um aliado dos EUA na OTAN. O negócio foi orquestrado pelo embaixador norte-americano na Argentina, Marc Stanley, e inclui um empréstimo de 40 milhões de dólares para os equipar. O objetivo era romper um acordo latente de compra desse tipo de armamento à China.
Há duas semanas, o diretor da CIA, William Burns, fez uma viagem secreta a Buenos Aires para reunir-se com o chefe da agora Agência Federal de Informações argentina e com o chefe de gabinete da Presidência. Burns fez um diagnóstico: “temos um problema a curto prazo, a Rússia; mas um problema maior, a longo prazo, é a China” e advertiu Milei: “com a China nada, mas nada mesmo”.
Parabéns argentinos! Infelizmente escolheram um mentecapto para dirigir a nação. Mas isso tem cura… vocês podem se redimir…!