
Por Wellington Calasans.
As autoridades da Jordânia alertam para a importância de focar na guerra de Israel em Gaza e na situação humanitária terrível da população daquele país. Segundo as mesmas autoridades, depois do ataque de represália iraniana, Israel tenta “desviar o foco” para outras questões.
Os jordanianos destacam também a necessidade de acabar com a ocupação dos territórios palestinos através de uma solução de dois Estados. Para Amã, é uma prioridade chamar a atenção para o desastre em Gaza.
De acordo com a imprensa da Jordânia, a expectativa das autoridades do país é que a pressão dos EUA sobre Israel para não retaliar contra o Irã encerre esse episódio entre os dois países e redirecione a atenção global para o genocídio em Gaza.
A Jordânia sempre foi um importante aliado dos EUA, mas tentou seguir uma política externa independente, apesar de depender cada vez mais de Washington. Desde então, os jordanianos gozam de boas relações com Bashar Assad, da Síria, e com vários primeiros-ministros iraquianos após a invasão do Iraque pelos EUA.
Até aqui os jordanianos têm conseguido lidar com a instabilidade política da região e já foram testados em diversos momentos tensos, especialmente durante a presidência de Donald Trump.
A atual escalada, com graves ataques entre Tel Aviv e Teerã, leva a Jordânia a enfrentar uma nova situação de teste. No entanto, de acordo com as autoridades do país, a maior prioridade é proteger as consequências negativas desses conflitos e salvaguardar a própria soberania territorial.
NOTA DESTE OBSERVADOR DISTANTE
Se as autoridades da Jordânia ou qualquer país da região transmitirem qualquer sinal de apoio a Israel, dificilmente vão conseguir evitar uma “primavera”.
A solidariedade aos palestinos é uma realidade entre os povos da região. O Irã, por exemplo, teve que retaliar Israel para conter a fúria dos iranianos.
Israel está isolado na região e se Netanyahu fizer qualquer novo movimento de ataque contra o Irã ou outro país próximo, ficará sozinho. Até mesmo países parceiros (siameses) como os EUA e alguns europeus serão obrigados a “lavar as mãos”.
Israel é imprevisível e ninguém sabe qual a disposição das autoridades políticas e militares para a tomada de uma decisão desesperada, quase suicida.
A Jordânia terá grandes desafios, mas já sabe que se tiver que fazer escolhas, Israel não é o lado mais forte. O alerta sobre o sofrimento do povo palestino foi uma estratégia inteligente para evitar revoltas populares dentro do país e desconfiança com a maioria dos países na região.