Por Wellington Calasans.
A credibilidade do Tribunal Penal Internacional está sob permanente ameaça. Antes este tribunal era visto como “implacável somente no julgamento dos frágeis”. Recentemente, o TPI “inovou” ao condenar o presidente russo, Vladimir Putin, mesmo que a Rússia não seja signatária (assim como os EUA, Israel, etc.) deste tribunal.
Vários países e governantes internacionais usaram a decisão do TPI para prejudicar a agenda internacional do presidente russo. Brasil e África do Sul, por exemplo, foram países que – por serem governados por políticos medíocres – tiveram medo da pressão internacional que exigia a “prisão de Putin”, caso ele fosse para eventos nestes países.
Para quem não sabe o que é um xeque-mate, recorri ao dicionário para trazer uma explicação mais bem elaborada: “ataque decisivo ao rei, peça mais importante do jogo de xadrez, em que não há qualquer possibilidade de fuga ou defesa, o que implica o término da partida com a consequente derrota do jogador atacado”.
Ao pedir a punição de Netanyahu e mais alguns por genocídio e outros crimes, o TPI salvou a própria pele. De quebra, desnudou a duplicidade dos EUA, pois agora Biden e os seus capachos ficaram presos da seguinte maneira:
1°- Se defenderem a decisão do TPI, perdem o apoio dos patrões sionistas;
2°- Se condenarem a decisão do TPI, estarão defendendo Vladimir Putin;
3°- Se rejeitarem a decisão apenas contra Netanyahu, sepultarão o TPI definitivamente como um tribunal parcial.
Eu posso até não saber jogar xadrez, mas que com a ajuda do dicionário eu posso dizer que o TPI aplicou um xeque-mate, isso eu posso.
NA IMPRENSA ALTERNATIVA
A Rússia zombou da reação dos EUA ao Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir mandados de prisão contra autoridades israelenses por causa da guerra/genocídio em Gaza.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, comparou a reação dos EUA ao comportamento de um escorpião que se picou ou de uma aranha presa na própria teia. Zakharova também atribuiu a situação no Oriente Médio aos engenheiros políticos americanos.
A guerra começou em resposta a uma operação de retaliação de grupos de resistência de Gaza, resultando em milhares de mortes e deslocamentos. Washington forneceu ajuda militar a Tel Aviv e bloqueou resoluções de cessar-fogo da ONU. Biden e Blinken criticaram os mandados de prisão do TPI.
NOTA DESTE OBSERVADOR DISTANTE
O Tribunal Penal Internacional tem enfrentado críticas significativas nos últimos anos, com alegações de parcialidade e seletividade no julgamentos de casos.
A recente decisão do TPI à possível emissão de mandados de prisão contra autoridades israelenses por causa da guerra de genocídio de Tel Aviv, com ênfase para a aclamada – em praticamente todo o mundo – inclusão do nome do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, expressou a hipocrisia de Biden sobre este tribunal.
Além disso, a mudança de posição dos EUA sobre o TPI, defendendo-o quando o presidente russo Vladimir Putin foi condenado, mas rejeitando a decisão quando se trata de Netanyahu, expõe a vergonhosa duplicidade do governo dos EUA.
A reação de Biden à decisão do TPI sobre o genocídio de Netanyahu é a prova concreta de que Israel e EUA são irmãos siameses. A duplicidade dos EUA revela que o TPI aplicou um xeque-mate nos hipócritas.
Se o TPI quiser manter a sua legitimidade, precisa dar uma demonstração de que está disposto e é capaz de investigar e processar todos os responsáveis por crimes graves, independentemente da sua posição ou nacionalidade.
Por osmose, via TPI, aos EUA também foi imposto o papel de comprometer-se totalmente com o tribunal e apoiar os seus esforços para processar os responsáveis por crimes graves. Caso contrário, os EUA correm o risco de minar ainda mais o TPI e comprometem o seu próprio marketing de que exerce um compromisso com a justiça internacional.