Por Felipe Quintas.
Lula conseguiu a proeza de obter o apoio entusiasmado das mesmas oligarquias (Globo, STF, EUA, banqueiros, chicagoboys, Brasil Paralelo) que apoiaram a Lava Jato e a deposição do PT em 2016, que soltaram fogos com a prisão do próprio Lula em 2018 e endossaram Bolsonaro quando ele nomeou Paulo Guedes. Quando eles criticavam Bolsonaro, aliás, era sempre por não ser “liberal o suficiente” e por supostamente estar “atrapalhando o Guedes”.
Aparentemente, está tudo errado quando aqueles que não querem Bolsonaro por não ser “liberal o suficiente” apoiam o candidato que critica publicamente o presidente por ser “liberal demais”, quando aqueles que reclamavam de Bolsonaro não ter feito nenhuma “r(d)eforma”, mesmo tendo feito várias, apoiam tão calorosamente o candidato que em princípio as critica e até já falou em revê-las. Chega a ser difícil e intrigante pensar em algo concreto que Lula possa fazer em benefício deles que Bolsonaro e Paulo Guedes não tenham condições e vontade de fazer. Não faz sentido em princípio mesmo se a questão for a agenda ESG, que Lula simbolicamente representa melhor que Bolsonaro, pois Bolsonaro não representou nenhum perigo ao andamento dela e ainda se prestou de espantalho para legitimá-la.
Vejam bem, não se trata de simples anuência desses grupos a Lula, como nas outras vezes em que ele se elegeu, mas apoio explícito e escancarado em 1º turno, o que antes era reservado a candidaturas mais à direita. Ou esses oligarcas estão profundamente enganados, ou mudaram de prioridade ou a eventual vitória de Lula será o maior estelionato eleitoral da história, fazendo os casos Menem (Argentina) e o segundo Carlos Andrés Pérez (Venezuela) parecerem brincadeira, pois pelo menos eles não foram apoiados na campanha pelos mesmos a quem eles serviram depois. Não posso prever o futuro mas, dentro do pouco que conheço de política e sociedade, a terceira opção é a mais provável. Dia 02 deve ser a festa, mas no dia 03 em diante…