Segundo a Revista Veja, celebrou-se na segunda-feira, dia 5, um jantar de reconciliação entre Rodrigo Maia e Paulo Guedes. Cerimônia “bem frequentada”, na residência do ministro do TCU Bruno Dantas, que teria sido idealizada pelo Senador Renan Calheiros. Ele mesmo, aquele que nunca foi, mas está de volta. Lembrando do atrito, Maia teria até despejado algumas lágrimas na ocasião, em que o Ministro da Economia se comprometeu a manter o diálogo com as lideranças da Câmara e do Senado. “Pelo bem do país”, eles disseram.
Mas por que chora Rodrigo Maia? Seria pela venda de metade das refinarias da Petrobrás? Seria pelo povo pobre que vai deixar de receber o Auxílio Emergencial e vai ter que esperar pelas incertezas da aprovação do Renda Cidadã? Será pela perspectiva de aumento do desemprego, com o fim do auxílio, em que milhões voltarão para o mercado de trabalho e não encontrarão? Será pela manutenção do Teto de Gastos, um mecanismo esdrúxulo de contenção de despesas, aprovado há quatro anos, antes da pandemia?
Para nós, se há briga entre os dois, Maia e Guedes, ambos compartilham muito mais pontos em comum do que divergências. A mesma ideologia neoliberal, por exemplo, mais forte em um do que em outro. Talvez o Presidente da Câmara chore porque, apesar das semelhanças, seu pai César Maia conheça muito mais finanças públicas e tenha também muito mais experiência política necessária para tocar uma agenda econômica vinculada a reformas legislativas. A relação Executivo-Legislativo que é a base do sistema político democrático.
César Maia foi Secretário de Fazenda do primeiro governo de Leonel Brizola no Estado do Rio de Janeiro (1983-1987), e foi bem no cargo, o que lhe valeu um mandato na Câmara dos Deputados que votou compôs a Assembleia Constituinte (1987-1988). Antes de aderir ao Consenso de Washington, ajudou o mesmo Brizola que falava publicamente que os programas de reestruturação econômica não podem ser conduzidos às custas do arrocho e da carestia. O mesmo que denunciava que os outrora “negócios da China agora são negócios do Brasil”.
Trata-se das perdas internacionais, esquemas de evasão de divisas decorrentes da desnacionalização da economia, corroborada pelo processo de privatizações. À minoria que se beneficia dela, resta soltar lágrimas de crocodilos. Uma mera reação fisiológica desses grandes répteis quando devoram suas presas.