A Radio Free Europe está prestes a ter sua licença de funcionamento revogada na Rússia. A rádio, bancada pelo Congresso dos EUA, funciona desde 1991 na Rússia, quando foi autorizada para tal pelo ex-presidente Boris Iéltsin. Desde que assumiu a presidência pela primeira vez, em 2000, Vladimir Putin já revogou a licença de uso de frequência pela RFE em diversas cidades russas. A Duma – o legislativo russo – aprovou leis em 2017 que qualificam como “agentes estrangeiros” organismos de mídia vinculados a autoridades de outros países.
Putin manifestou esta intenção após a RFE dedicar-se integralmente, no último fim de semana, a transmitir incessantemente os protestos na Rússia pela prisão de Alexander Navalny, pois, além da rádio, controla diversos sites com serviço de streaming ao vivo. Diante dessas ações, o governo russo passou a identificar como espiões os colaboradores internos da rede da RFE.
A RFE foi criada ainda durante a II Guerra Mundial, veiculando mensagens antinazistas para os países controlados pelo Eixo. Na Guerra Fria, foi usada como instrumento de propaganda anticomunista para os países do bloco soviético. Hoje ainda é bancada pelo Estado norte-americano para “defender valores democráticos”, conforme hoje ainda afirma. Na verdade, nunca deixou de ser um instrumento de guerra.
Por sua vez, a Fundação Jamestown, também vinculada ao governo dos EUA, sugeriu que as autoridades estadunidenses façam o mesmo com a Sputnik e a Russia Times, que operam dentro dos EUA.
Diante da posse de Joe Biden movimentações políticas incomuns têm sido observadas em diversos países: na Rússia, surgiram essa onda repentina de protesto; no Brasil, explode a pressão na mídia pelo impeachment de Bolsonaro, adocicados agora pelo “Escândalo do Leite Moça” – provavelmente mais um factoide, que envolve baixos valores, que encobre a grande corrupção. Biden, por seu turno, foi vice-presidente de Obama, o primeiro presidente que se elegeu com base nas redes sociais e fez uso dela em sua política externa, como instrumento de guerra híbrida contra determinados países. O caso brasileiro, de 2013 em diante, é só mais um exemplo, dentre outros.
Urge a compreensão da geopolítica das comunicações e mídias sócias, pois estas são instrumentos de estados nacionais, apesar da roupagem. Isto em um momento em que cresce a pressão no Brasil para a abertura do capital estrangeiro nos meios de comunicação tradicionais, ao mesmo tempo em que não se coloca a necessidade da revisão do Marco Civil da Internet no Governo Dilma. Tanto pelo governo atual, como pela oposição.