Há quase um ano fora do Ministério da Justiça, Sergio Moro vai elaborar parecer jurídico para o escritório Warde Advogados, que tem entre seus principais sócios Walfrido Warde e Valdir Simão.
Warde é autor de “O Espetáculo da Corrupção – como um sistema corrupto e o modo de combatê-lo estão destruindo o país”, supostamente uma análise crítica da Operação Lava Jato. Já Valdir Simão foi ministro da Controladoria Geral da União (CGU), de janeiro a dezembro de 2015, no breve segundo de Dilma Roussef. Quando Nelson Barbosa assumiu a Fazenda em 21-12-2015, Simão passou a ocupar nada menos que, em substituição àquele, o posto de Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, cargo que ocupou até ser exonerado, de ofício, assim como todo os ministros, pela então presidente que era afastado do cargo em 12 de maio de 2016.
O escritório da Warde Advogados fica em um endereço nobre do bairro dos Jardins, em São Paulo, onde ocupa 1.000 metros quadrados de um edifício, que além do ex-ministro Valdir Simão, tem também como sócio Leandro Daiello, diretor da Polícia Federal de 2011 a 2017 – também nomeado por Dilma. Daiello dirigiu a PF no auge da Operação Lava Jato. Dentre os clientes do escritório, encontram-se firmas estrangeiras, dos EUA, da China e de Israel.
Walfrido Warde também é grande amigo de Guilherme Boulos, para quem atuou, na campanha deste à prefeitura de SP, como consultor e financiador, ajudando a aproximar Boulos de figurões do mundo jurídico e das finanças. Warde teria doado, em sistema de financiamento coletivo, R$ 40 mil para a campanha do candidato do PSOL.
A parceria entre os dois, ambos descendentes de libaneses, não para por aí: Boulos figura como colunista no Instituto da Reforma das Relações Estado e Empresa, um ensaio de think-tank presidida por Warde, que além de Boulos, tem entre seus colunistas o Senador Major Olímpio, que apresenta um texto louvando a Lava Jato, além de se imiscuir em temas de Defesa e Segurança Pública, com pautas caras ao PSOL tal como a denúncia da polícia como instituição racista e o apoio à desnuclearização radical do Brasil, advogando a assinatura do Tratado Sobre a Proibição de Armas Nucleares.
O cosplay de pobre e socialista agora também é cosplay de crítico da lava-jato. Tem alguma coisa verdadeira nele?