Apesar de todas as adversidades trazidas pelos efeitos da pandemia de Covid-19, a atividade industrial no Brasil ainda respira. A razão disso são, em grande parte, em função da desvalorização cambial, que torna os preços da indústria brasileira mais competitivos, e da baixa nas taxas de juros, que vem em ritmo forte desde meados de 2015 ao início de 2021. O resultado da indústria nacional vem impactando positivamente a balança comercial, com aumento significativo da indústria nas exportações, conforme informe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
Igualmente, a construção civil vem mantendo seu ritmo de crescimento em função da incorporação do comércio ligado ao setor nas atividades essenciais permitidas durante as fases mais rígidas de restrição ao comércio implementadas por prefeitos e governadores durante a pandemia.
Contudo, a alta recente na Taxa SELIC, a nossa taxa básica de juros definida pelo Banco Central, pode reverter esses ganhos, tornando mais caro o crédito. A alta dos juros foi definida na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) desde a aprovação da autonomia do Banco Central. Indícios de aumento da inflação favorecem o clima para essa escalada dos juros, apesar da ótima safra do setor agrícola.
Em meio a turbulência por qual passa o governo federal, bastante na defensiva, em meio à troca de ministros, acreditamos que é necessário que se estabeleça um consenso entre as diversas forças políticas sobre a manutenção do ritmo de recuperação da indústria, que ainda está em um nível abaixo de 2011, considerando o período de grande desindustrialização brasileira, que começou no final dos anos 1980, mas ganhou grande impulso no período 2011-2016.