
Desde março de 2020, até fevereiro deste ano, o tamanho do prejuízo do turismo brasileiro desde o início da pandemia é de R$ 65,6 bilhões, segundo pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). O resultado é 38,1% menor do que o do mesmo período entre março de 2019 e fevereiro 2020, o que significa que, em meio à crise, o setor perdeu mais de 1/3 do seu tamanho. Além disso, a queda de 29,1% no faturamento de fevereiro último (R$ 9,35 bilhões) fez com que o setor completasse um ano inteiro contabilizando resultados negativos a cada mês.
As piores perdas do ciclo ocorreram no segundo trimestre de 2020, quando o turismo nacional chegou a encolher pela metade: -54,8% em abril; -53,3% em maio; -50% em junho; e -50,4% em julho. Dali em diante, apesar de seguir fechando no vermelho, as quedas tiveram patamares menores do que esses – o menor prejuízo foi registrado em dezembro, quando faturou 28,1% a menos do que no mesmo mês do ano anterior.
Principal impactado pelas medidas de isolamento social, o setor aéreo encabeça o desempenho negativo do período, perdendo mais da metade (59,6%) do seu faturamento. Só em fevereiro, a queda foi de 49,6%, ou seja, a metade do que o setor faturou em fevereiro de 2020, às vésperas da crise. Com uma queda na oferta de assentos – que chegou a 34,7% em fevereiro, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) -, a tendência é que os prejuízos do setor aéreo sigam sendo contabilizados nos próximos meses.
Depois das companhias aéreas, os serviços de alimentação e alojamento, como hotéis e pousadas, registraram a maior queda no faturamento desde o começo da crise da Covid-19: -41,1%. Em fevereiro, a retração foi de 30,3%, num mês cuja taxa de ocupação de hotéis caiu 37,9%, segundo dados do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), integrante do Conselho de Turismo (CT) da Fecomércio-SP.
Em seguida, os setores turísticos que mais sofreram foram atividades culturais, recreativas e esportivas, que viu o faturamento cair 32,1% no período; empresas de transporte terrestre (14,2%); e as locadoras de veículos e agências de viagens (12,8%).
Os números da pandemia evidenciam ainda um cenário crítico para um setor que vinha acumulando bons desempenhos: até 2019, a média de crescimento do faturamento anual foi de 1,8%. Em 2017, por exemplo, o turismo brasileiro fechou as receitas em R$ 165,5 bilhões, sendo que, dois anos depois, faturou um total de R$ 171,8 bilhões. O melhor ano da série histórica foi 2014, quando obteve R$ 191,1 bilhões em faturamento.
O estudo é baseado nas informações da Pesquisa Anual de Serviços com dados atualizados com as variações da Pesquisa Mensal de Serviços, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números são atualizados mensalmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e foram escolhidas as atividades que têm relação total ou parcial com o turismo. Para as que têm relação parcial, foram utilizados dados de emprego ou de entidades específicas para realizar uma aproximação da participação do turismo no total.
Na última sexta-feira, a Caixa e o Ministério do Turismo anunciaram disponibilizar R$ 1,2 bilhão via Fundo Geral de Turismo (Fungetur) para contratação por empresas do setor. A principal novidade é a ampliação do público-alvo da linha de crédito, que agora abrange empresas com faturamento anual inferior a R$ 4,8 milhões. As vantagens desta linha de capital de giro incluem prazo de financiamento de até 60 meses, sendo até 12 meses de carência e taxas de juros de 5% a.a ou 0,41% a.m. mais Selic.
Com informações Monitor Digital