A Câmara dos Deputados aprovou hoje, dia 5 de agosto, o texto-base do projeto de lei de privatização da Empresa de Correios e Telégrafos. A justificativa da relatoria do PL é que os serviços de comércio eletrônico necessitam de investimentos da base de R$ 2 bilhões anuais, enquanto a empresa, atualmente, só investe R$ 300 milhões. Esses números teriam surgido a partir de um estudo encomendado ao BNDES. O lucro dos Correios no último ano correspondeu a R$ 1,5 bilhões.
O argumento favorável é que o setor público não pode financiar os investimentos em função da “crise fiscal”. O que é pura embromação, pois na maioria das vezes o próprio setor privado recorre ao BNDES e outros bancos públicos para buscar fontes de financiamento. Sem contar que o gasto público em investimento volta para a sociedade.
Com a privatização, chegará ao fim o custo único de envio de correspondências, que irá variar dependendo da localidade. Isso tenderá a prejudicar aqueles que vivem em comunidades mais afastadas e que são mais dependentes do serviço. Por outro lado, são mantidos alguns “ônus”, como a proibição de fechamento de agências e a estabilidade no emprego dos atuais empregados dos Correios, por um período de 18 meses a partir da privatização.
Partidos de oposição posicionaram-se contra o projeto, mas pouco fizeram para se mobilizarem contra o projeto, pois continuam focados a barrar de qualquer jeito a mudança nas urnas eletrônicas. Além disso, continuam engajadas na CPI da Covid-19, ou a “CPI de defesa da Pfizer”, que vem garantindo até agora o espaço de grande fornecedora de vacinas.
Acontece que no mesmo dia, os governadores do Consórcio Nordeste anunciaram o cancelamento de compras da vacina russa Sputnik V, que podem ser importadas da Rússia ou produzidas aqui em parceria com a empresa União Química. Depois de tirarem a indiana Covaxin do páreo, associando-a à corrupção, agora mais uma foi excluída, com pressão sobre a Anvisa. Assim, as vacinas desenvolvidas nos Estados Unidos vão abocanhando um mercado cada vez maior, à medida em que crescem os pedidos pela aplicação de uma terceira dose, em função das supostas variantes que deverão preencher todo o alfabeto grego.
Se a oposição gastasse a mesma energia que usa para denunciar o governo por “ignorar os e-mails da Pfizer” e se juntar ao ministro Luís Barroso, o czar das urnas eletrônicas, em defender o caráter público dos Correios, talvez pudesse ser salvo da sanha privatizadora. Parece terem conseguido em parte seus objetivos, com a PEC do Voto Impresso sendo derrotada na Comissão Especial da Câmara.
Mas é isso o que temos para hoje.