O cenário para o fornecimento de energia, não só no Brasil, mas em todo o mundo, é um tanto adverso: alta dos preços do petróleo, crise energética na Europa, por conta de dificuldades do fornecimento de gás russo, na iminência do início do inverno no Hemisfério Norte, e ameaça de racionamento no nosso país. Este racionamento talvez possa ser evitado pela fraca expansão do consumo, diante de uma economia estagnada pelo baixo crescimento.
Diante da previsão de privatização da Eletrobrás, cabe ressaltar as oportunidades perdidas pelo não aproveitamento de outras fontes energéticas que não a geração de energia via usinas hidro e termoelétricas, em especial, a geração de energia nuclear.
A nossa primeira usina nuclear, Angra 1, começou a ser construída no início dos anos 1970, em pleno Regime Militar. Em 1975, o então presidente Ernesto Geisel assinou o Acordo Nuclear com a Alemanha, com previsão para a construção de oito usinas nucleares. Desse projeto, só foram executadas Angra 2, inaugurada em 2001, e Angra 3, que ainda não teve suas obras concluídas. Se o projeto original fosse executado, teríamos um reforço considerável na em infraestrutura energética, ainda por cima com uma fonte limpa, não emissora de gases poluentes, como acontece com as termoelétricas.
Nesse sentido, o jornalista e professor Lorenzo Carrasco defende a ideia de que a bandeira da energia nuclear seja levada às conferências do clima, na COP 26, prevista para ocorrer em final de outubro deste ano. Caberia ao Brasil, com uma estratégia nacional de desenvolvimento, retomando o peso diplomático que lhe é devido, levantar essa bandeira.