Por Felipe Quintas
Matéria de hoje do Estadão afirma que Lula e importantes integrantes do PT avaliam reverter não apenas a reforma trabalhista, como já anunciado, mas também privatizações e teto de gastos.
Acho uma iniciativa muito louvável. Só o fato de ser ventilada já coloca a pauta da “reversão” em debate e prepara as condições para vir a ser efetivada, e, inevitavelmente, será em algum momento, pois todas essas “deformas” são absolutamente insustentáveis.
Em política, todavia, não há uma vírgula sequer que seja colocada sem que se pense em seus efeitos políticos. Seria fácil dizer que o PT está blefando e que Lula é o “mestre da ilusão”. Mas não acho que essa explicação seja satisfatória. Uma coisa é blefar e iludir com conversinha de que “nunca antes na história desse país se colocou o pobre no orçamento”. Outra é fazer o mesmo acenando para medidas estruturantes e criando uma agenda política substancial e toda uma expectativa em torno dela, que pode vir a ser adotada até por quem menos se espera. Lula nunca fez isso.
Então, o que pode ser? Bem, considerando que a notícia tenha saído primeiramente no Estadão, jornal desde sempre francamente adversário de Lula e do PT, não seria nenhuma teoria da conspiração pensar que o jornal, inclusive com “fontes sigilosas”, tenha por objetivo sabotar as articulações feitas entre o PT e o Walter Mercado em prol da candidatura de Lula, o que a enfraqueceria. O que mostra que o apoio a Lula entre as elites não está nada consolidado.
Outra possibilidade é a de que, depois da indigestão coletiva causada pelo exótico prato “Lula com Chuchu” no jantar de gala do grupo Prerrogativas (resta saber prerrogativas de que…) , as conversas com Walter Mercado tenham desandado e o PT, contando com o favoritismo de Lula, esteja ameaçando vir “vermelhão” caso o Walter Mercado não aceite apoiar a candidatura de Lula. Nada melhor do que uma notícia com “fontes sigilosas” para jogar a letra. Mas, se for isso, é uma jogada arriscada, cheia de riscos e imprevisibilidades.
As possibilidades são várias, e a realidade pode ser uma combinação de várias delas. De todo modo, fica cada vez mais evidente que o processo eleitoral está muito longe de qualquer definição. A eleição de 2022, a rigor, não existe, e tudo pode acontecer, pois o cenário ainda está 100% aberto.
Eleições e segundas intenções à parte, é muito bom ver que a necessária agenda de retomada dos direitos sociais e dos setores infraestruturais estratégicos já está ganhando o debate público. A única certeza que tenho é que, mais cedo ou mais tarde, ela será realizada, seja por quem for, pois a própria realidade obrigará – já está gritando por isso, na verdade. Não tem como meia dúzia de especuladores e agiotas controlarem um país do tamanho e da complexidade do Brasil. Eles já foram até longe demais, mas não irão muito mais longe, querendo eles ou não. Ainda mais porque o império financista internacional está ruindo, assolado pela própria irracionalidade.
Sério que acreditam que quem aprovou a EC-040/2003 tomaria uma decisão nacionalista?? Em prol do povo brasileiro? Tem que ser inocente ou .. deixa pra lá.
Como bem disse o texto, serão obrigados pela realidade, mais dia ou menos dia.
Reverter Reforma Trabalhista é difíci, mu8dar algo é possível. Teto de Gastos, possível. Privatização, impossível. A Justiça diria o que disse pro Brizola, “ato jurídico perfeito”.