
O cerco à mídia independente brasileira que não segue a linha editorial da Globo e Folha de S. Paulo promete se fechar ainda mais neste ano. É o que sinaliza a mais recente declaração do ministro do STF Luís Roberto Barroso publicada pelo jornal Valor Econômico no início da semana.
O ministro defendeu que, caso o Telegram não atenda às demandas do STF, o “Congresso Nacional deveria banir sua atuação em território nacional”. O pretexto seria o de combater a “desinformação” durante as eleições – e por “desinformação” podemos entender como tudo aquilo que desagrada ao Sistema.
Evidentemente, a posição do ministro apenas reflete uma intenção generalizada do Sistema de querer silenciar o debate sobre as recentes ações que atentam contra nossa soberania (como a autoatribuição de superpoderes pelo STF, a rejeição ao voto impresso auditável e a privatização de estatais).
Talvez o ministro não saiba que a tarefa de bloquear o Telegram seja mais difícil do que parece, já que nem mesmo a Rússia de Vladmir Putin conseguiu tal façanha.
A tentativa russa se deu em abril de 2018 quando um tribunal determinou a suspensão das operações do Telegram no país depois que o aplicativo se negou a se adequar à legislação nacional de telecomunicações.
Por meio de uma técnica de camuflagem chamada “domain fronting”, o aplicativo – cujos servidores já haviam sido transferidos para Dubai, nos Emirados Árabes – conseguiu se manter no ar e driblar as agências de fiscalização russas, até que finalmente, em junho de 2020, a decisão judicial foi revertida.
Inclusive, o dono do Telegram, Pavel Durov, parece ter feito algum acordo com o Kremlin, já que o famoso órgão de notícias RT começou a divulgar o aplicativo em seus canais desde então.
A verdade é que se realmente Barroso e o STF estiverem determinados em censurar o aplicativo, é bom já irem se preparando para realizar o imponderável.