Por SouthFront
Durante os 9 primeiros dias de guerra na Ucrânia, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky liderou a guerra on-line contra a Russia. Ele deu inúmeras entrevistas aos meios de comunicação de massa ocidentais dirigindo-se ao povo ucraniano e lutou contra os rumores contra ele por meio de apelos feitos em vídeos publicados no Instagram.
Em 4 de março, diversos oficiais de Kiev declararam que Zelensky havia deixado o país. De acordo com o porta-voz da Duma Estatal (parlamento russo), Vyacheslav Volodin, os deputados ucranianos não puderam contatá-lo em Lviv (oeste da Ucrânia). Agora ele está na Polônia.
Outro parlamentar ucraniano, Ilya Kiva, de um partido de oposição, confirmou a partida de Zelenskiy para a Polônia:
“Tive a confirmação de que o comandante-em-chefe das forças armadas da Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky, cruzou a fronteira da Ucrânia com a Polônia e está agora em segurança na embaixada norte-americana”, disse.
Posteriormente, foi publicado um vídeo nas contas oficiais do presidente ucraniano no Instagram e em outras mídias sociais, mostrando-o em seu escritório na Ucrânia.
No vídeo, ele afirmou que esses rumores sobre sua partida são espalhados quase que diariamente, mas que está em Kiev. Alguns de seus seguidores questionaram a relevância do vídeo, pois ele não se dirigiu aos políticos ucranianos que supostamente mentiram sobre sua fuga à Polônia, e não deu nenhuma informação precisa, apenas falando sobre fatos genéricos.
Mais tarde, o escritório da Presidência ucraniana negou a informação de que ele deixou o país:
“Ele está na Ucrânia. E hoje houve um vídeo deste mesmo saguão, assim como ontem houve uma conferência de imprensa para a mídia mundial”
A imprensa do parlamento ucraniano também afirmou que essa informação era falsa em uma mensagem pelo Telegram:
“Isso não é verdade. O presidente está em Kiev. Ele está com seu povo”
A personalidade de Zelensky é altamente promovida pela Grande Mídia enquanto a população ucraniana sofre. Nos primeiros dias da operação especial russa, ele assegurou à comunidade internacional que havia sido designado como o alvo principal, sendo sua família o segundo alvo preferencial.
A propósito, sua esposa não é tão ativa nas redes sociais e não aparece em público. De acordo com rumores, ela foi vista em Nice, na França, apesar de as declarações de Zelensky afirmarem que os membros de sua família estão em Kiev.
Outra tentativa de idealizar Zelensky foi feita pelo jornal The Times, que o retratou como um herói ucraniano que supostamente sobreviveu a três tentativas de assassinato em alguns dias.
Duas delas foram reportadas como sendo organizadas pelo Grupo Wagner, enquanto outra tentativa foi feita pelas forças de segurança chechenas. O jornal The Times informou que os serviços especiais ucranianos frustraram todas as tentativas graças a alguns “oficiais da FSB (serviço secreto russo) com visões antiguerra”
Tal campanha midiática fez de Zelensky o principal “lutador pela liberdade e pelos valores liberais do mundo”. Isso o deu coragem até mesmo para acusar seus colegas ocidentais. Alguns dias atrás, ele exigiu que europeus provassem que eram “europeus de verdade” e aceitassem a Ucrânia no bloco da União Europeia.
No dia 5 de março, ele acusou a OTAN de não interferir no conflito e de desinteresse em desencadear uma terceira guerra mundial. Ele declarou sua exclusividade, enquanto seus testas-de-ferro nacionalistas escondiam-se atrás de civis em cidades sitiadas. Apelou também às potências mundiais para que deixem de lado não somente seus interesses nacionais, mas também a segurança de todo o mundo, a fim de salvar sua imagem pessoal.
No dia 4 de março, a OTAN decidiu não fechar o espaço aéreo sobre a Ucrânia já que a aliança tem como posição a não-interferência na guerra ucraniana.
“Isso é auto-hipnose daqueles que são fracos e inseguros”, afirmou Zelensky. “Todas as pessoas que morrerão, deste dia em diante, o farão por causa de vocês”.
Zelensky parece não estar em contato com a realidade ao dizer que a liderança da OTAN não entende que não haverá consequências significativas em caso de intervenção.
O mundo está agora dividido sobre como se posicionar sobre a operação russa na Ucrânia. Se o conflito recente em Nagorno-Karabakh tornou-se uma “guerra de drones”, o caso ucraniano é um exemplo vívido do uso de outra arma, uma agressiva guerra de informação entre os dois lados e o impasse militar em terra. Enquanto o campo de batalha online exerce um papel tão importante no conflito, enquanto as partes em guerra vão tentando ganhar mentes e corações de civis de ambos os lados, assim como convencerem outros Estados de suas visões, não é fácil descobrir a realidade sobre os fatos.