Por Rubem Gonzalez
País de merda, país de Big Brother, país raso de inteligência rasa, país movido pelas telas da televisão, pelos canais de fofoca, não é à toa que a cultura morreu, não é à toa que a música morreu, não é à toa que qualquer resquício de inteligência morreu.
Na realidade nada disso morreu, continuamos com inteligência, continuamos com cultura, continuamos com boas músicas, só que tudo foi soterrado pelo manto espesso da mediocridade, os medíocres são os escravos do sistema e tem que aceitar a imposição do mesmo.
Nós precisamos de mais anittas, precisamos de mais pabllos vittar, e precisamos urgentemente de centenas de mendigos, gente incapaz de poder se impor por talento ou capacidade própria, é necessário o brilho de aluguel.
Esse pobre coitado que aí está parafraseia com louvor os personagens do antológico filme sul-coreano Parasita, é a prova viva de que o maior dom da nossa sociedade é sua atávica queda pelo oportunismo.
Igual a ele temos milhares de falsos engajados, de líderes comunitários, de ativistas homossexuais, negros, índios e até mulheres, todos eles atrás do Dolce Far Niente disfarçado de inconformismo e luta contra o sistema.
Todos eles têm um pano de fundo e usam uma desculpa sociocultural para existirem, mas na realidade todos desejam única e exclusivamente com raríssimas exceções arrumar uma boa sobrevivência nesse mundo tão difícil, são todos atores de quinta categoria de uma sociedade que caminha inexoravelmente para o buraco, todos querem ser parte do sistema a qualquer custo.
Nada contra esse pseudomorador de rua ou pseudomendigo que tem um discurso de narrador de Globo Repórter, demonstrando que foi bem adestrado ao ponto de no final da reportagem quase reconhecermos a sua opção como uma profissão efetiva.
A gota d’água apareceu com as pretensões políticas de oportunistas usando mais esse refém, apesar do fato de significar uma ascensão social meteórica para o indigitado cidadão, o mesmo não passa de um refém de quem está no seu entorno e dos que o promoveram.
Por falta de consistência e ao que representar, ele pode voltar para a sarjeta no momento que o sistema desejar, daí lhe cabe vestir o personagem para se a empreitada der certo ele receber a sua parte no golpe.
Ninguém vai investir social e politicamente em alguém que tenha conteúdo próprio e algo a acrescentar ao sistema, alguém que possa efetivamente fazer a diferença em algo, ninguém quer criar algo novo, o desejo é se aproveitar do antigo.
O sistema vai muito bem obrigado, não precisa eleger concorrentes, o sistema precisa de cada vez mais lacaios, cada vez mais mendigos empoderados e bons de pica, vingadores sociais dos desvalidos, o feioso duro e vingador.
Eles podem comer quem bem entenderem, pode ser a mulher de um personal ou uma atriz meretriz contratada para toda a opera bufa, não importa.
O que importa é a imposição de uma micronarrativa dentro do reinado das narrativas, o importante é criar o alterego do feioso, pobre, fudido e execrado que, como um herói de antanho, come uma mulher cobiçada por nove em cada dez homens bem sucedidos.
Tudo isso cheira a armação braba, por trás o que se tem é o espaço de quem jamais será uma ameaça ao sistema e nesse ponto a nova celebridade preenche todos os requisitos.
Que venham os jogos….
Pessoalmente estava em duvida sobre duas hipóteses, inicialmente.
A mulher é uma ninfomaníaca, que topa qualquer parada. [Pessoalmente acreditava nisso e as “provas dos autos” estão indo nesse sentido]. Uma vez que um processo começa ele ganha vida própria, então é possível que ocorra alguma reviravolta.
A mulher foi realmente violentada e tentaram encobrir o caso. [Pior que realmente existem casos de revitimização].
Depois de ler o seu texto acho factível essa “nova” hipótese. Inclusive corroborada pelas declarações da mulher envolvida.
Pobre com sorte. [Para não desenvolver muito o arquétipo, a melhor comparação seria com a questão de crianças negras africanas adotadas por celebridades que só querem “lacrar”].
Espero que você esteja errado, pois geralmente esse tipo operação de “engenharia social” só é feita quando o problema é tão grande que desistem de salvar todo mundo e acham que salvar uma criança já é mais que suficiente. Você acha que os neoliberais seriam capazes de enviar um percentual significativo da nossa população para a indigência? Infelizmente tenho certeza.
Realmente existe “engenharia social”, isso não é nenhuma teoria da conspiração.
Outro fato curioso que ocorreu essa semana foi o cancelamento do casamento do ilustríssimo senhor vereador federal Carluxo, comandante do GDO (Gabinete do Ódio).
Realmente estava estranho demais… Como é que um político diretamente envolvido nas eleições ia casar-se no meio do período eleitoral? A eleição no Brasil começa geralmente um ano antes da data da eleição.
Atualização –
Pelo menos quatro partidos queriam que ele fosse candidato.
Ele está assediando mulheres, o que indica que desenvolveu uma neurose já que deixou de ser “invisível”, não era um simples anônimo, e ficou famoso repentinamente.
Ou é algo real, ou uma farsa muito elaborada.