
Por Felipe Quintas.
1 – Seu voto não vale nada. Não, não estou falando de fraude. Estou falando de estatística. Caso você vote em alguém, o significado contábil do seu voto, o único significado que importa para o processo eleitoral, é igual a 1 (o seu voto) dividido pelo total de votos válidos, ou seja, um valor que para todos os efeitos pode ser igualado a zero. Quer ter uma noção concreta disso? Só pegar o total de votos de cada candidato e subtrair um voto daquele em quem você votou e depois comparar novamente. Não muda nada.
2 – Portanto, não existe voto útil, nem em 1º turno, nem em 2º turno, em turno algum. Por mais que nos valorizemos e queiramos acreditar que fazemos a diferença nas eleições, não, não fazemos. Nenhum eleitor individualmente é responsável por tal ou qual resultado. Quem disser que é, está mentindo de forma grosseira e grotesca. Não acredite em quem faz terrorismo na cabeça dos outros para dar o “voto útil” em fulano ou beltrano. Quase sempre, para não dizer sempre, essas pessoas estão pensando em si e não em você, estão pensando mais na boquinha que lhes foi prometida do que em valores políticos elevados. Até porque se tivessem algum valor político elevado não estariam ansiosas e descontroladas te enchendo o saco por um único voto.
3 – O único voto possível é por convicção, seja em quem for. A convicção nem precisa ser racional, precisa ser individual. Se nenhum candidato disponível satisfizer as convicções de alguém, esse alguém tem todo o direito de invalidar o seu voto. Um voto que não seja por convicção é, por definição, um voto de cabresto, portanto antidemocrático. O sistema eleitoral é individualista mesmo, são as regras do jogo. Se é bom ou ruim é outra discussão, o fato é que o “contrato social” estabelece esse tipo de regulamento.
4 – “Mas se todo mundo pensar assim o resultado pode ser pior”. Imaginar que “todo mundo” vai seguir um mesmo padrão é megalomania. Você não sabe como funciona nem pode mudar a cabeça do Gercival Oliveira, motorista de ônibus em Ituiutaba (MG), da Jéssika Gomes dos Santos, balconista em Dias D’Ávila (BA), ou do Maurício Fontes Ribeiro, advogado em Paranaguá (PR), pessoas que você e eu nunca ouvimos falar e muito provavelmente jamais conheceremos, mas cujos votos valem o mesmo que os nossos. De todo modo, vale a frase que todos ouviram quando crianças: “você não é todo mundo”.
5 – Independente de quais sejam os seus votos, os políticos que se elegerem representarão TODA a população brasileira. Ninguém governa só para os seus eleitores, governa para todos. Ninguém perde a cidadania por ter invalidado o voto ou votado em alguém que não se elegeu. Por isso, todos têm o direito de cobrar quem se eleger. É o político que deve satisfações ao povo e tem que agradar os demais cidadãos, não o contrário. O político é empregado do povo, ele não tem que ficar “triste”, ele tem que fazer o trabalho dele. Numa democracia, o povo é soberano, e a vontade popular se expressa pelo somatório de votos individuais, logo, toda vontade individual deve ser, no mínimo, levada em consideração.
6 – Brigas por causa de políticos fazem parte do jogo mas devem ser evitadas. Não vale a pena brigar com familiares, colegas e vizinhos por causa de políticos que, por mais que briguem diante das câmeras, nos bastidores tomam café juntos, contam piada um para o outro, vão as mesmas festas e recebem dinheiro dos mesmos plutocratas. Na sua vida, você provavelmente precisará mais da pessoa com quem brigou do que do político pelo qual brigou. Se, porventura, a pessoa desfizer a amizade e camaradagem que você julgava que ela tinha por você, dê graças a Deus, pois ela nunca foi sua amiga e camarada e é melhor descobrir isso o quanto antes do que quando realmente precisar dela.
7 – A eleição é só um pequeníssimo momento da política. O que de fato é importante é decidido fora das eleições, em reuniões sigilosas. A grande maioria das pessoas sequer fica sabendo desses momentos, muitas vezes nem imagina que eles possam existir, apenas sente as consequências, geralmente funestas.