Por Thierry Meyssan.
O Conselho Europeu – órgão que reúne os chefes de Estado e/ou de governo dos Estados membros da União Europeia – decidiu, em 23 de março, conceder à Ucrânia o status de país candidato à adesão à UE. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientou que será um longo caminho – a Turquia tem esse status há 23 anos – antes de elevar a Ucrânia ao nível exigido pela UE, tanto econômica quanto politicamente.
A comitiva do presidente ucraniano já havia deixado claro que Kiev não espera tornar-se membro da União Europeia hoje ou amanhã, pois tem outro projeto, mas que o status de candidato dá à Ucrânia acesso a um forte apoio financeiro da UE com o objetivo de aproximar o país dos parâmetros da UE.
De fato, a Ucrânia está de fato apostando no projeto polonês “Intermarium”, uma aliança entre todos os estados geograficamente localizados entre o Báltico e o Mar Negro.
Intermarium contra a União Europeia
O Intermarium se baseia tanto em uma realidade geográfica quanto em um passado histórico: a “República das Duas Nações”, que reuniu a Coroa da Polônia e o Grão-Ducado da Lituânia no século XVI.
Este projeto foi primeiro formulado pelo príncipe Adam Jerzy Czartoryski durante a revolução polonesa de 1830, e depois reapareceu durante o período entre as duas guerras mundiais sob o general polonês Jozef Pilsudski (1867-1935), sob o nome de “Federação Miedzymorze”. Ao mesmo tempo, o General Pilsudski concebeu uma ideologia destinada a libertar todos os povos da Europa central da absorção pelo Império Germânico, mas principalmente pelo Império Russo – uma tendência chamada “Prometeísmo”, já que, como o titã Prometeu, prometeu às pessoas progressos técnicos que lhes permitissem libertar-se daqueles que as subjugavam. Na prática, Pilsudski preferiu os alemães aos russos e não hesitou em aliar-se com os austro-húngaros e os alemães contra a Rússia.
Muito mais tarde, em 2016, o presidente polonês Andrzej Duda apresentou uma terceira versão do projeto, renomeado “Iniciativa dos Três Mares” – com o Adriático como o terceiro mar (N.E: os outros seriam o Mar Báltico e o Mar Negro). Onze estados se envolveram na iniciativa, e há poucos dias eram 12.
Partindo do princípio de que é melhor unir do que submeter-se ou entrar em guerra, este projeto oferece uma resposta legítima à ausência de fronteiras físicas na grande planície que é o centro da Europa.
Mas as coisas não são tão claras quanto parecem. A República das Duas Nações foi uma confederação que permitiu ao Reino e ao Grão-Ducado manter seu próprio funcionamento, enquanto Pilsudski propôs uma federação na qual os outros povos seriam fundidos… com os poloneses à frente! Ainda hoje todos os movimentos nacionalistas da Europa Central utilizam a República das Duas Nações como ponto de referência, mas tiram dela conclusões muito diferentes.
Para as bandeiras ucranianas, a República das Duas Nações é a herdeira da Rutênia criada pelos vikings suecos – os Varangianos, também chamados Varanguianos – que é bastante rebuscada. O máximo que se pode dizer é que as duas entidades têm alguma base em comum, culturalmente falando. Mas para o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, a República das Duas Nações é um bom exemplo de uma confederação que lhe permite escapar da influência da Rússia – e também da Alemanha, o país dominante na União Europeia.
Graças ao fato de que líderes políticos poloneses e ucranianos estão comprometidos com o projeto comum da confederação “Intermarium”, o Presidente Zelenski pôde considerar, sem se envergonhar, a possibilidade de ceder a Galícia Oriental, agora ucraniana, à Polônia [1]. Mas tanto na Polônia quanto na Ucrânia, a extrema direita – no sentido totalitário que a definiu no período entre as duas guerras mundiais – quer usar esta política para fazer avançar suas ideias raciais.
A Polônia se tornou membro da União Europeia em 2004, mas nunca jogou junto com a entidade supranacional. Embora ainda seja um candidato a membro, nunca hesitou em receber enormes quantidades de fundos da UE, oficialmente destinados à reforma da agricultura nacional, e usá-los para comprar aviões de guerra americanos e participar da guerra contra o Iraque sob as ordens de Washington. Este truque foi a ideia do americano nascido na Polônia Zbigniew Brzezinski e da francesa americanizada Christine Lagarde [2]. Hoje, tudo continua na mesma, a Polônia está em perpétua disputa com a UE, principalmente por causa de seu sistema judicial. A Ucrânia não hesitará em jogar o mesmo jogo duplo.
Esse é o principal problema dos povos da Europa Central. Eles estão tentando, com razão, se administrar sem seus grandes vizinhos – Rússia e Alemanha. Mas eles não podem se reconhecer um ao outro sem combatê-los. No passado, este preconceito sempre os levou a acabar lutando uns contra os outros.
O príncipe Adam Jerzy Czartoryski morreu no exílio em Paris, e o general Pilsudski também estabeleceu a sede de seu movimento Prometeísta em Paris. Em 1945, a memória desse período levou à criação de uma rede de emigrantes da Europa Central que trabalharam primeiro para o Vaticano, depois para os serviços secretos franceses, e finalmente para os anglo-saxões. Esta rede, também chamada Intermarium [3], reuniu os principais líderes – em fuga – da Ustacha húngara, a Guarda de Ferro romena e as outras formações que haviam colaborado com os nazistas da Europa Central.
Em 1991, foi formado o Grupo de Visegrado (Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia). Hoje, os apoiadores do projeto Intermarium estão se voltando para os anglo-saxões – daí o apoio que os Estados Unidos e Londres estão dando à Polônia e à Ucrânia. Assim, o Presidente Trump participou da cúpula da Iniciativa dos Três Mares, em Varsóvia, em 2017. E durante a cúpula de 20 de junho de 2022, o Presidente Zelenski, falando por videoconferência, pediu e obteve a admissão da Ucrânia.
O interesse anglo-saxão no projeto Intermarium não é novo. Pouco depois da Primeira Guerra Mundial, um dos pais da geopolítica anglo-saxônica, Sir Halford Mackinder, designou a Europa Central como a região central da Eurásia. Mackinder acreditava que o Império Britânico só poderia controlar o mundo se ele controlasse aquela região primeiro. Por esta razão, um de seus discípulos, o atual primeiro-ministro britânico Boris Johnson, correu para Kiev para expressar seu apoio ao Presidente Zelensky.
Todos os geopolíticos anglo-saxões adotaram as ideias de Mackinder, incluindo naturalmente Zbigniew Brzezinski – que foi, junto com o “straussiano” Paul Wolfowitz, uma das principais figuras do Washington Colloquium em 2000 que marcou a aliança EUA-Ucrânia [4].
Aqueles que pressionam os EUA a apoiar o projeto Intermarium são precisamente figuras nacionalistas de direita. Por exemplo, os conselheiros dos presidentes americanos Dwight Eisenhower e Ronald Reagan que os fizeram adotar o conceito de “nações cativas” – cativos da URSS, é claro – eram todos ex-colaboradores nazistas, membros do Bloco Anti-Bolchevique de Nações [5]; os organizadores do colóquio realizado em Washington em 2000 eram filhos de antigos colaboradores nazistas e hoje o mais importante deles é o polonês-americano Marek Jan Chodakiewicz, um especialista em minimizar os crimes dos nazistas [6].
Todos os membros da Iniciativa dos Três Mares também são membros da União Europeia – com exceção da Ucrânia. A maioria desses Estados considera espontaneamente a Intermarum muito mais importante para eles do que a União Europeia… mesmo que ela não tenha os mesmos meios à sua disposição. O fato de a Ucrânia ter aderido à Intermarum três dias antes de receber o status de candidato da UE mostra não apenas que a Intermarum é mais importante para ela, mas também que a UE sabe que tem que aceitar todos os membros da Iniciativa dos Três Mares a fim de não perder nenhum.
No final do dia, essa lógica deveria levar os membros da Iniciativa dos Três Mares a deixar a União Europeia, cujos objetivos nunca compartilharam, quando tais membros deixam de ser financeiramente benéficos para eles.
Neste ponto, a arquitetura de segurança do continente europeu já é seriamente desafiada pelo fato de que até agora ela se apoiava em dois pilares: o Conselho da Europa [não confundir com o Conselho Europeu, que é um órgão da União Européia] e a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Rússia excluída do Conselho da Europa
O Conselho da Europa foi criado em 1949. Alguns de seus fundadores esperavam estabelecer a unidade europeia sobre princípios legais comuns através de um conselho de estados, outros esperavam alcançar o mesmo resultado através da criação de uma assembleia de parlamentares. No final, os dois projetos foram combinados, mas na época a URSS e seus aliados foram excluídos e só foram aceitos após a queda do Muro de Berlim.
O Conselho da Europa foi dotado de duas grandes instituições.
Primeiro, a Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH), infelizmente politizada nos últimos meses, com um óbvio preconceito contra a Rússia. Por exemplo, em janeiro passado esta instituição reconheceu o “direito” de um cidadão russo de cuspir no retrato oficial do Presidente da Federação Russa (veredicto Karuyev vs Rússia); em fevereiro reconheceu o “direito” de outro de interromper uma manifestação a favor do Presidente Putin ao invadir com uma faixa proclamando “Putin melhor que Hitler” (veredicto Manannikov vs Rússia). E agora, o CEDH acaba de decidir contra a lei russa, adotada após as “revoluções coloridas”, que obriga as formações políticas financiadas por estrangeiros a especificar este “detalhe” em todas as suas publicações (veredicto Ecodefence et al. v. Rússia).
A outra grande instituição do Conselho da Europa é a Comissão de Veneza, que ajudou os novos Estados independentes a assimilar as regras democráticas – aliás, esta Comissão tem emitido avisos constantes à Ucrânia sobre seus procedimentos administrativos e institucionais [7].
Em resumo, as potências ocidentais suspenderam o direito de voto da Rússia no Conselho da Europa, alegando que Moscou pretende anexar a Ucrânia pela força. Depois de negar esta alegação, a Rússia anunciou sua decisão de deixar esta instituição, que já era obviamente tendenciosa.
A Rússia está impedida de participar nas reuniões da OSCE
A outra plataforma intergovernamental é a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
A OSCE foi criada em 1973, por ocasião dos Acordos de Helsinque. Difere da ONU por não ser uma plataforma de arbitragem, mas apenas um fórum no qual todos os atores podem falar livremente entre si. Por exemplo, foi a OSCE que em 1991 adotou a Declaração de Istambul, também conhecida como a “Carta de Segurança na Europa”, um documento que estabelece dois princípios fundamentais:
1) o direito de cada estado de escolher seus aliados, e
2) a obrigação de cada Estado de se abster de garantir sua segurança em detrimento da segurança de outros.
O conflito entre os Estados Unidos e a Rússia decorre precisamente do não respeito a estes dois princípios básicos [8].
É importante lembrar que a Rússia nunca questionou o direito de outro Estado de ser membro da OTAN; o que ela questiona é que os membros da OTAN aceitam a instalação de bases militares americanas em seus territórios. Nossos leitores se lembrarão que quando o Ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov escreveu a cada um dos interlocutores da Rússia perguntando como eles poderiam conciliar os dois princípios estabelecidos na Declaração de Istambul com o envio de material de guerra dos EUA e pessoal militar próximo às fronteiras da Rússia… ninguém ousou responder-lhe.
Entretanto, a neutralidade desse fórum foi violada em abril deste ano quando novos oficiais da OSCE – mais precisamente, ex-militares da OTAN – foram pegos espionando no Donbass [9].
Como se isso não fosse suficiente, o Reino Unido acaba de negar vistos britânicos à delegação russa que deveria participar da assembleia parlamentar anual da OSCE, convocada de 2 a 6 de julho em Birmingham [10]. O governo britânico, em violação de suas obrigações, está se escondendo por trás das sanções nomeadas que a União Europeia emitiu contra os membros da delegação russa.
Em resumo, não só os documentos assinados pelos 57 chefes de Estado e/ou de governo dos Estados membros da OSCE perderam seu valor, mas a própria administração desta organização foi transformada em uma arma de guerra, o que significa que a OSCE não está mais desempenhando seu papel de fórum.
A arquitetura de segurança do continente europeu é assim radicalmente transformada. A Europa Central está preparada para se tornar um bloco, inicialmente dentro da União Europeia e de seus candidatos e depois fora da UE. Sua defesa estará nas mãos dos Estados Unidos, enquanto a Europa Ocidental e Oriental não falarão mais uma com a outra.
É a isto que o plano dos geopolíticos anglo-saxões está levando. Mas este projeto, mesmo se vier a se concretizar, será instável. Primeiro porque os europeus ocidentais sempre precisaram da Rússia. E também porque os povos da Europa Central sempre viveram em um campo de batalha – quando os Cavaleiros Teutônicos e os Cossacos não lutavam entre si na Europa Central, os povos da Europa Central lutavam uns contra os outros.
Para construir uma paz duradoura, todos os atores devem ser respeitados. Ao destruir todas as instituições de segurança do continente, o conflito generalizado torna-se inevitável.
Referências:
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Este artículo da continuación a los trabajos
1. «Rusia quiere obligar Estados Unidos a respetar la Carta de la ONU», 4 de enero de 2022.
2. «Washington prosigue en Kazajastán el plan de la RAND Corporation, que ya continúa en Transnistria», 11 de enero de 2022.
3. «Washington se niega a escuchar a Rusia y a China», 18 de enero de 2022.
4. «La increíble sordera de Washington y Londres», 1º de febrero de 2022.
5. «Washington y Londres tratan de mantener su dominación sobre Europa», 8 de febrero de 2022.
6. «Dos interpretaciones sobre la cuestión de Ucrania», 16 de febrero de 2022.
7. «Washington hace sonar el clarín pero sus aliados retroceden», 22 de febrero de 2022.
8. «Vladimir Putin en guerra contra los “straussianos”», 5 de marzo de 2022.
9. «“Banda de drogadictos y de neonazis”», 6 de marzo de 2022.
10. «Estupor de Israel ante los neonazis ucranianos», 9 de marzo de 2022.
11. «Ucrania, otra gran manipulación», 22 de marzo de 2022.
12. «El Nuevo Orden Mundial que nos preparan con el pretexto de la guerra en Ucrania», 29 de marzo de 2022.
13. «Propaganda de guerra bajo una nueva forma», 5 de abril de 2022.
14. «La alianza entre el MI6, la CIA y los banderistas», 12 de abril de 2022.
15. «El fin de la dominación occidental», 19 de abril de 2022.
16. «Ucrania y la Segunda Guerra Mundial como conflicto inconcluso», 26 de abril de 2022.
17. «La esperanza de Washington: prolongar la guerra en Ucrania para recobrar su estatus de hiperpotencia», 3 de mayo de 2022.
18. «Ucrania, Canadá y los banderistas», 10 de mayo de 2022.
19. «Ya se prepara una nueva guerra para después de la derrota frente a Rusia», 24 de mayo de 2022.
20. «Los programas militares secretos en Ucrania», 31 de mayo de 2022.
21. «Confusiones, descuidos e incomprensiones alrededor de Ucrania», 7 de junio de 2022.
22. «Polonia y Ucrania», 4 de junio de 2022.
23. «Ucrania: La ideología de los banderistas», 21 de junio de 2022.
El Consejo Europeo –la instancia que reúne a los jefes de Estado y/o de gobierno de los países miembros de la Unión Europea– decidió el 23 de marzo otorgar a Ucrania el estatus de país candidato a entrar en la UE. La presidente de la Comisión Europea, Ursula von der Leyen, precisó que el camino será largo –hace 23 años que Turquía tiene ese estatus– antes de poner a Ucrania al nivel exigido por la UE, tanto en el plano económico como político.
El entorno del presidente ucraniano ya había precisado que Kiev no espera convertirse en miembro de la Unión Europea hoy o mañana, ya que tiene otro proyecto, pero que el estatus de candidato abre a Ucrania el acceso a un fuerte respaldo financiero de la UE con vista a acercar el país a los parámetros de esa entidad.
En efecto, Ucrania apuesta en realidad por el proyecto polaco denominado “Intermarium”, una alianza entre todos los Estados geográficamente situados entre el Báltico y el Mar Negro.
Intermarium contra la Unión Europea
Intermarium se basa a la vez en una realidad geográfica y en un pasado histórico: la «República de las Dos Naciones», que reunió la Corona de Polonia y el Gran Ducado de Lituania en el siglo XVI.
Ese proyecto fue formulado por primera vez por el príncipe Adam Jerzy Czartoryski, durante la revolución polaca de 1830, y luego reapareció, durante el periodo que separó las dos guerras mundiales, con el general polaco Jozef Pilsudski (1867-1935), bajo la denominación de «Federación Miedzymorze». Paralelamente, el general Pilsudski concibió una ideología tendiente a liberar todos los pueblos del centro de Europa de la absorción por parte del imperio germánico, pero principalmente del imperio ruso –tendencia llamada el «prometeísmo», ya que, como el titán Prometeo, prometía a los hombres progresos técnicos que les permitirían liberarse de quien los sojuzgaba. En la práctica, Pilsudski prefería los germánicos a los rusos y no vaciló en aliarse a los austrohúngaros y a los alemanes en contra de Rusia.
Mucho después, ya en 2016, el presidente de Polonia, Andrzej Duda, presentó una tercera versión de aquel proyecto, rebautizado como «Iniciativa de los Tres Mares» –con el Adriático como tercer mar. Once Estados se involucraron en esa iniciativa y hace unos días pasaron a ser 12.
Si se parte del principio que más vale unirse que someterse o que tener que dedicarse a la guerra, este proyecto ofrece una respuesta legítima a la ausencia de fronteras físicas en la gran planicie que es el centro de Europa.
Pero, las cosas no son tan claras como parece. La República de las Dos Naciones era una confederación que permitía al Reino y al Gran Ducado conservar cada uno su funcionamiento propio mientras que Pilsudski proponía una federación en la que se fundirían los demás pueblos… con los polacos a la cabeza. Incluso hoy todos los movimientos nacionalistas de Europa central usan como referencia la República de las Dos Naciones, pero sacando de ella conclusiones muy diferentes.
Para los banderistas ucranianos, la República de las Dos Naciones es heredera de la Rutenia creada por los vikingos suecos –los varegos, también llamados varangios o varengos– lo cual está bastante traído por los pelos. Lo máximo que podría decirse es que, que ambas entidaes tienen ciertos puntos comunes, culturalmente hablando. Pero para el presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, la República de las Dos Naciones es un buen ejemplo de confederación que permite escapar a la influencia de Rusia… y también de Alemania, el país dominante dentro la Unión Europea.
Gracias al hecho que los dirigentes políticos polacos y ucranianos apuestan por el proyecto común de confederación “Intermarium”, el presidente Zelenski ha podido plantearse, sin avergonzarse de ello, la posibilidad de ceder a Polonia la Galitzia oriental, actualmente ucraniana [1]. Pero, tanto en Polonia como en Ucrania, la extrema derecha –en el sentido totalitario que la definía en el periodo que separó las dos guerras mundiales– quiere utilizar esa política para hacer avanzar sus ideas raciales.
Polonia se convirtió en miembro de la Unión Europea en 2004, pero nunca siguió el juego de esa entidad supranacional. Siendo todavía candidata a la adhesión, nunca vaciló en recibir de la UE enormes cantidades de fondos, oficialmente destinados a reformar la agricultura nacional, y a utilizarlos para comprar aviones de guerra estadounidenses y participar en la guerra contra Irak bajo las órdenes de Washington. Ese truco fue idea del estadounidense de origen polaco Zbigniew Brzezinski y de la francesa americanizada Christine Lagarde [2]. Hoy todo sigue igual, Polonia vive en perpetuo litigio con la UE, sobre todo a causa de su sistema judicial. Ucrania no vacilará en adoptar el mismo doble juego.
Ese es el principal problema de los pueblos de Europa central. Tratan, con toda razón, de manejarse sin sus grandes vecinos –Rusia y Alemania. Pero no logran reconocerse sin pelear contra ellos. En el pasado, ese prejuicio los llevó siempre a acabar luchando entre sí.
El príncipe Adam Jerzy Czartoryski falleció en el exilio, en París, y el general Pilsudski también instaló en París la sede de su movimiento prometeísta. En 1945, el recuerdo de aquel periodo dio lugar a la creación de una red emigrados de Europa central que trabajaron primero para el Vaticano, después para los servicios secretos franceses y, finalmente, para los anglosajones. Esa red, que también se denominó Intermarium [3], reunió a los principales dirigentes –en fuga– de la Ustacha húngara, de la Guardia de Hierro rumana y de las demás formaciones que habían colaborado con los nazis en Europa central.
En 1991 se constituyó el Grupo de Visegrad (Hungría, Polonia, Chequia y Eslovaquia). Actualmente los partidarios del proyecto Intermarium se vuelven hacia los anglosajones –de ahí el apoyo que Estados Unidos y Londres aportan a Polonia y Ucrania. Fue así como el presidente Trump participó en la cumbre de la Iniciativa de los Tres Mares organizada en Varsovia, en 2017. Y, durante la cumbre del 20 de junio de 2022, el presidente Zelenski, que intervino por videoconferencia, solicitó y obtuvo la admisión de Ucrania.
No es reciente el interés de los anglosajones por el proyecto Intermarium. Poco después de la Primera Guerra Mundial, uno de los padres de la geopolítica anglosajona, sir Halford Mackinder, designaba Europa central como corazón de Eurasia (Heartland). Mackinder consideraba que el Imperio británico sólo lograría controlar el mundo si controlaba primero esa región. Por esa razón, uno de sus discípulos, el actual primer ministro británico Boris Johnson, corrió a Kiev para expresar su apoyo al presidente Zelenski.
Todos los geopolíticos anglosajones adoptaron las ideas de Mackinder, incluyendo claro está a Zbigniew Brzezinski –quien fue, junto al straussiano Paul Wolfowitz, una de las principales figuras del coloquio de Washington, encuentro realizado en el 2000, que marcó la alianza entre Estados Unidos y Ucrania [4].
Quienes empujan a Estados Unidos a apoyar el proyecto Intermarium son precisamente figuras del nacionalismo de extrema derecha. Por ejemplo, los consejeros de los presidentes estadounidenses Dwight Eisenhower y Ronald Reagan que les hicieron adoptar el concepto de «naciones cautivas» –por supuesto, cautivas de la URSS– eran todos ex colaboradores de los nazis, miembros del Bloque Antibolchevique de Naciones [5]; los organizadores del coloquio realizado en Washington en el 2000 eran los hijos de los ex colaboradores de los nazis y hoy el más importante de ellos es el estadounidense de origen polaco Marek Jan Chodakiewicz, un especialista en minimizar los crímenes de los nazis [6].
Todos los miembros de la Iniciativa de los Tres Mares son también miembros de la Unión Europea –con excepción de Ucrania. La mayoría de esos Estados consideran espontáneamente que Intermarum es para ellos mucho más importante que la Unión Europea… aunque no disponga de los mismos medios. El hecho que Ucrania se haya incorporado a Intermarum 3 días antes de obtener el estatus de candidato a la UE demuestra no sólo que Intermarum le parece más importante sino también que la Unión Europea sabe que tiene que aceptar a todos los miembros de la Iniciativa de los Tres Mares para no perder a ninguno.
Al final de la jornada, esa lógica debería llevar a los miembros de la Iniciativa de los Tres Mares a abandonar todos la Unión Europea, cuyos objetivos nunca compartieron, cuando esa membresía deje de ser financieramente beneficiosa para ellos.
En este momento, la arquitectura de seguridad del continente europeo ya se ve gravemente cuestionada dado el hecho que hasta ahora se sostenía en dos pilares: el Consejo de Europa [no confundir con el Consejo Europeo, que es una instancia de la Unión Europea] y la Organización para la Seguridad y la Cooperación en Europa (OSCE).
Rusia, excluida del Consejo de Europa
El Consejo de Europa fue creado en 1949. Algunos de sus fundadores esperaban asentar la unidad europea sobre principios jurídicos comunes a través de un consejo de Estados, otros esperaban obtener el mismo resultado mediante la creación de una asamblea de parlamentarios. Finalmente se conjugaron los dos proyectos pero, en aquel momento, la URSS y sus aliados quedaron excluidos y sólo fueron aceptados después de la caída del muro de Berlín.
El Consejo de Europa se dotó de dos grandes instituciones.
En primer lugar, el Tribunal Europeo de Derechos Humanos (TEDH, en francés CEDH), desgraciadamente politizado en los últimos meses, con una evidente parcialización en contra de Rusia. Por ejemplo, en enero pasado esa institución reconoció el “derecho” de un ciudadano ruso a escupir sobre el retrato oficial del presidente de la Federación Rusa (veredicto Karuyev vs Rusia); en febrero reconoció el “derecho” de otro a perturbar una manifestación a favor del presidente Putin irrumpiendo en ella con una pancarta que proclamaba «¡Putin mejor que Hitler!» (veredicto Manannikov vs Rusia). Y ahora, el TEDH acaba de pronunciarse contra la ley rusa, adoptada después de la «revoluciones de colores», que obliga las formaciones políticas financiadas desde el extranjero a precisar ese “detalle” en todas sus publicaciones (veredicto Ecodefence y otros vs Rusia).
La otra gran institución del Consejo de Europa es la Comisión de Venecia, que ayudó los nuevos Estados independientes a asimilar las reglas democráticas –dicho sea de paso, esta Comisión ha emitido constantes advertencias a Ucrania sobre sus procedimientos administrativos e institucionales [7].
En definitiva, las potencias occidentales han suspendido el derecho de Rusia al voto en el Consejo de Europa afirmando que Moscú pretende anexar Ucrania mediante el uso de la fuerza. Después de desmentir esa alegación, Rusia anunció su decisión de abandonar esa institución, ya evidentemente parcializada.
Se impide la participación de Rusia
en las reuniones de la OSCE
La otra plataforma intergubernamental es la Organización para la Seguridad y la Cooperación en Europa (OSCE).
La OSCE se creó en 1973, en ocasión de los Acuerdos de Helsinki. Se diferencia de la ONU por el hecho que no es una plataforma de arbitraje sino sólo un foro en cuyo marco todos los actores pueden hablar libremente entre sí. Por ejemplo, fue la OSCE la que adoptó, en 1991, la Declaración de Estambul, también llamada «Carta de la Seguridad en Europa», documento que establece dos principios fundamentales:
1) el derecho de cada Estado a escoger sus aliados y
2) la obligación de cada Estado de abstenerse de garantizar su seguridad a expensas de la seguridad de los demás.
El conflicto entre Estados Unidos y Rusia tiene su origen precisamente en el no respeto de esos dos principios básicos [8].
Es importante recordar que la Federación Rusa no ha cuestionado nunca el derecho de otro Estado a ser miembro de la OTAN, lo que cuestiona es que los miembros de la OTAN acepten la instalación de bases militares estadounidenses en sus territorios. Nuestros lectores seguramente recuerdan que cuando el ministro de Exteriores ruso, Serguei Lavrov, escribió a cada uno de los interlocutores de Rusia preguntándoles cómo podían conciliar los dos principios establecidos en la Declaración de Estambul con el despliegue de material de guerra y de personal militar de Estados Unidos cerca de las fronteras rusas… nadie se atrevió a responderle.
Sin embargo, la neutralidad de ese foro se violó en abril de este año cuando nuevos funcionarios de la OSCE –más precisamente, ex militares de la OTAN– fueron sorprendidos en plena labor de espionaje en el Donbass [9].
Como si eso no fuese suficiente, el Reino Unido acaba de negar las visas británicas a la delegación rusa que debería participar en la asamblea parlamentaria anual de la OSCE, convocada del 2 al 6 de julio en Birmingham [10]. El gobierno británico, que viola así sus obligaciones, se escuda en las sanciones nominativas que la Unión Europea ha emitido contra los miembros de la delegación rusa.
En resumen, no sólo los documentos firmados por los 57 jefes de Estado y/o de gobierno de los países miembros de la OSCE han perdido su valor sino que además la administración misma de esa organización se ha convertido en un arma de guerra, lo cual implica que la OSCE deja de desempeñar su papel de foro.
La arquitectura de seguridad del continente europeo se transforma así radicalmente. Europa central está llamada a convertirse en un bloque, inicialmente en el seno de la Unión Europea y de sus candidatos y después fuera de la UE. Su defensa estará en manos de Estados Unidos mientras que el oeste y el este de Europa dejarán de hablarse.
A eso conduce el plan de los geopolíticos anglosajones. Pero ese proyecto, aunque llegue a realizarse, será inestable. En primera porque los europeos occidentales siempre han necesitado a Rusia. Y también porque los pueblos de Europa central siempre han vivido sobre un campo de batalla –cuando los caballeros teutónicos y los cosacos no se enfrentaban en Europa central, los habitantes de esa región luchaban entre sí.
Para construir una paz duradera hay que respetar a todos los actores. Al destruir todas las instituciones de seguridad del continente, se hace inevitable un conflicto generalizado. Thierry Meyssan
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[1] «Polonia y Ucrania», por Thierry Meyssan, Red Voltaire, 14 de junho de 2022.
[2] «Con Christine Lagarde, la industria estadounidense entra al gobierno francés», por Thierry Meyssan, Red Voltaire, 29 de junho de 2005.
[3] Unholy Trinity: The Vatican’s Nazis, Soviet Intelligence and the Swiss Banks, Mark Aarons y John Loftus, St Martin’s Press, 1998.
[4] «Ucrania y la Segunda Guerra Mundial como conflicto inconcluso», por Thierry Meyssan, Red Voltaire, 26 de abril de 2022.
[5] Old Nazis, the New Right, and the Republican Party, Russ Bellant, South End Press, 1991.
[6] lntermarium: The Land between the Black and Baltic Seas, Marek Jan Chodakiewicz, Routledge, 2012.
[7] Arrêts de la Commission de Venise sur l’Ukraine.
[8] «Rusia quiere obligar Estados Unidos a respetar la Carta de la ONU», por Thierry Meyssan, Red Voltaire, 4 de enero de 2022.
[9] «L’OSCE expulsée de Lougansk pour espionnage», Réseau Voltaire, 14 de abril de 2022.
[10] «Londres prohíbe la participación de Rusia en asamblea de la OSCE», Red Voltaire, 25 de junho de 2022.
Citando:
O príncipe Adam Jerzy Czartoryski morreu no exílio em Paris, e o general Pilsudski também estabeleceu a sede de seu movimento Prometeísta em Paris. Em 1945, a memória desse período levou à criação de uma rede de emigrantes da Europa Central que trabalharam primeiro para o Vaticano, depois para os serviços secretos franceses, e finalmente para os anglo-saxões. Esta rede, também chamada Intermarium, reuniu os principais líderes – em fuga – da Ustacha húngara, a Guarda de Ferro romena e as outras formações que haviam colaborado com os nazistas da Europa Central.
[Apenas um monte de bandidos (entreguistas) que fugiram para o Ocidente, nunca tiveram nenhum projeto para o país deles, só queriam saber de dinheiro ocidental].
Citando [Editado]:
Aqueles que pressionam os EUA a apoiar o projeto Intermarium são precisamente figuras de extrema direita (sionistas e neocons)…
Antecedentes:
Os sionistas inventaram o “mito da raça batava” para justificar a guerra de independência dos países baixos contra a Espanha, a Guerra dos Oitenta Anos.
Os sionistas inventaram o “mito da raça ariana ucraniana”, para justificar a russofobia (ódio contra a Rússia e o povo russo).
Observação:
Os alemães já foram derrotados na Europa e agora estão invadindo o Paraguai, com intenção de colonizar (Lebensraum).
Conclusão:
Nem, nem…
Esse projeto é uma piada, não passam de palavras bonitas, para esconder uma tentativa de “espaço vital sionista”. Todos esses países estão infestados de sionistas e fornecem “escravas brancas” para os prostibulo da entidade sionista.
Napoleão Bonaparte já sabia quem estava “erodindo a soberania do Báltico”.
Realmente essa “nova teoria” é apenas revisionismo histórico dos sionistas.
Essa parte de “prisão de nações” é a única parte dos brancos anglo-saxões nessa história.