O linguajar é lindo, startups seja lá que raio seja isso, aceleradoras de startups, reuniões empresários, criptomoedas, ambiente nerd, metaverso, conversas fiadas e no final o de sempre, um golpe.
É essa a história atualizada do mundo das oportunidades, onde gente que nunca na vida gerenciou um botequim ou foi dono de uma carrocinha de pipoca se autodenominam especialistas em investimento e, para isso, criam um linguajar próprio, aonde o investidor, apenas mais um idiota ganancioso e ávido por ganhar sem trabalhar finge conhecer tudo para não parecer fora de moda ou desantenado.
Aí entra em cena um velho conhecido de quem é cascudo como eu, o estelionatário, 171 o camarada que a vida inteira viveu de uma matéria-prima abundante e aparentemente inesgotável: o otário. E, o que é melhor, sem risco de extinção, você pode depenar milhões que sempre haverão mais.
Ele hoje se chama “coach”, mas já teve vários nomes e terá muitos outros, pois o mercado de trabalho do estelionatário está em constante movimento e as atualizações fazem parte do negócio. O boi gordo e avestruz de ontem é o Bitcoin de hoje e qualquer outro nome no futuro.
O estelionatário não é especialista em startup ou em qualquer tipo de empresa das eras digitais, ele é um ser sofisticado que atua dentro de um objetivo pré-determinado que é a ganância humana e a avidez que os indivíduos têm por levar vantagem, mesmo que outros sejam lesados, não importa, já que a vítima do estelionatário tem menos caráter que o autor do golpe.
O estelionatário profissional está sempre na crista da onda, ele já vendeu o pão de açúcar, o Cristo Redentor, lotes na lua e agora, com o advento da banalização do que pode se chamar investimento,
ele apenas navega no novo filão que descobriu. Quando o ser humano pisar em Marte, não tenha dúvida que na primeira viagem haverá pelo menos um estelionatário e sua matéria-prima.
Existem otários em quantidade suficiente para que esta raça maravilhosa genial e inventiva que é o 171 continue a viver como nababo as custas da ganância do ser humano.
Ao contrário do que pensam, o 171 trabalha muito, tem que fazer reuniões fictícias, aturar falsos ricos, ficar inventando roteiros mirabolantes para uma plateia de imbecis e ainda o coitado é obrigado a conviver com pessoas hipócritas, que, na realidade, não passam de pilantras, só que sem a coragem e o talento dele .
Estelionatário deveria receber insalubridade.