
Apoiadores de Bolsonaro seguem ecoando nas redes sociais a denúncia de que 154 mil inserções de rádio da campanha do presidente não foram veiculadas, o que teria prejudicado sua candidatura.
As supostas irregularidades foram anunciadas pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o ex-secretário Fábio Wajngarten, durante coletiva de imprensa em frente ao Palácio da Alvorada nesta segunda (24/10). Ainda de acordo com ambos, das 154 mil inserções não realizadas, quase 30 mil teriam sido no Nordeste, onde Bolsonaro teve baixa votação.
Nesta terça (25/10), a campanha de Bolsonaro protocolou um ofício no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com dados de um relatório produzido por uma auditoria contratada. No documento, há um recorte amostral de oito rádios de cidades da Bahia e Pernambuco que teriam deixado de veicular 730 inserções obrigatórias. A ação demandava uma apuração por parte do tribunal.
Já na noite desta quarta-feira (26/10), o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, negou o pedido da campanha de Bolsonaro alegando que os dados apresentados eram inconsistentes. Na decisão, o ministro alegou que a denúncia foi feita “sem base documental crível, ausente, portanto, qualquer indício mínimo de prova”.
Além disso, Moraes pediu ao Procurador-Geral Eleitoral, Augusto Aras, que apure “possível cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito” por parte da campanha de Bolsonaro”.
O ministro acionou também a Corregedoria-Geral Eleitoral para que investigue um possível desvio de finalidade no uso do fundo partidário para a contratação da suposta auditoria, e ainda determinou o envio do caso ao STF (Supremo Tribunal Federal) no inquérito sobre as “milícias digitais” que “atentam contra a democracia”.

Também nesta quarta, o servidor Alexandre Gomes Machado foi exonerado do TSE e resolveu procurar a Polícia Federal para prestar depoimento. Nele, Machado afirmou ter sido demitido depois de enviar um email à sua chefe para relatar irregularidades relativas à inserção de propaganda de Bolsonaro nas rádios.
“Especificamente na data de hoje, o declarante, na condição de coordenador do pool de emissoras do TSE, recebeu um e-mail emitido pela emissora de rádio JM On Line na qual a rádio admitiu que, dos dias 7 a 10 de outubro, havia deixado de repassar em sua programação 100 inserções da Coligação Pelo Bem do Brasil, referente ao candidato Jair Bolsonaro; que o declarante comunicou o fato para Ludmila Boldo Maluf, chefe de gabinete do secretário-geral da Presidência do TSE, por meio de e-mail; que cerca de trinta minutos após esta comunicação foi informado, pelo seu chefe imediato, de que estava sendo exonerado”, relata Machado no depoimento à PF.
Em nota, o TSE justificou a exoneração de Machado como tendo sido por “reiteradas práticas de assédio moral, inclusive por motivação política”. O tribunal afirma ainda que o caso será devidamente investigado e classificou as declarações do ex-servidor à PF como “falsas e criminosas”.
Também nesta quarta, durante ato de campanha em Teófilo Otoni (MG), o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou sobre o episódio para uma multidão de milhares de simpatizantes.
“Não será demitindo um servidor, que o TSE vai botar uma pedra nessa situação. Aí tem dedo do PT. Não tem coisa errada no Brasil que não tenha dedo do PT. O que foi feito, comprovado por nossa equipe técnica, é interferência, é manipulação de resultado. Eleições tem que ser respeitadas, mas PT e TSE tem muito que se explicar nesse caso”, acusou o presidente.
Por sua vez, o senador bolsonarista Lazier Martins defendeu o adiamento das eleições em virtude da denúncia.
“A grave denúncia de desigualdade na propaganda de rádio feita por um servidor do TSE, a 72h do pleito, é um prejuízo irreparável. Falhou a fiscalização. Para restabelecer a equidade no processo eleitoral, é preciso tempo e investigação profunda. Adiar a eleição é a única solução!”, disse o senador.
E a briga tá grande!!! Segunda eles estão todos se abraçando