
Por Josh Castillo.
A gente fica citando “1984”, de George Orwell, muitos às vezes sem ter lido, porque muitos citam trechos e dão pequenas resenhas nas redes. Mas o problema é que a obra é uma crítica dura e ácida ao Socialismo. O Real, não essa versão “liberalóide” que criaram sobre os escombros do Socialismo Real e ideológico do século passado.
Para a decepção de muita gente que acredita, sabe-se lá porquê, trata-se de uma crítica ao Fascismo ou só Nazismo, uma lida ligo no início do livro já é um balde de gelo. Pois é… O Grande Irmão não é descrito como um sujeito baixinho de cabelo lambido com bigodinho do Chaplin, não. Era um homem corpulento com Grossos bigodes pretos. Uma clara e provocativa referência a Stalin. E “O Partido” que domina a Inglaterra distópica é o Partido Socialista Inglês. E é desse Partido que vem o Ministério da Verdade, a Novilíngua, etc, etc…
Trata-se portanto de uma obra de cunho liberal, produzida logo no início da Guerra Fria, com o claro intuito de demonizar o Socialismo, sobretudo sua versão Soviética. A guerra narrativa já era forte na época.
Hoje, com a internet e as redes, manipular a narrativa da realidade usando esta obra é muito simples, porque é só a usar para o objetivo para o qual ela foi escrita. E colocar a carapuça de “Socialismo” nesse modelo transliberal pós Guerra Fria. Afinal, está tudo aí: “NovilínguE”, “Pós Verdade”, redução do seu humano a uma mera peça no quebra cabeça pós industrial, um “@” qualquer, atualizando o cenário para a Quarta Revolução industrial.
O povo da Neodireita liberal-conservadora pode estar meio errado na interpretação da realidade, presos a uma Guerra Fria que não existe mais, mas está sendo bastante fiel ao texto do livro que tira as citações.
Ah… e eu li 1984, e não gostei do mote, propagandista demais.