
Por Movimento de Solidariedade Ibero-americana.
A ministra do Meio Ambiente Marina Silva qualificou a situação dos ianomâmis em Roraima como uma “atrocidade inominável… induzida pelo governo Bolsonaro para eliminar essa população”. Anteriormente, em várias ocasiões, Marina rotulou o ex-presidente como um “genocida”.
É preciso muita má-fé para atribuir a tragédia ao seu governo. A reportagem original da agência Sumaúma que expôs os problemas dos ianomâmis, em 20 de janeiro, dizia que entre 2019 e 2022 morreram 570 crianças indígenas, um aumento de 29% em relação ao quadriênio anterior. Ou seja, entre 2015 e 2018 (governos Dilma e Temer), morreram 440 crianças por causas semelhantes – desnutrição e doenças evitáveis. Onde fica o limite da “negligência” ou do “genocídio”? O problema dos indígenas é muito sério para ser tratado de forma tão leviana.
E não será meramente retirando os garimpeiros das terras indígenas Ianomâmi que o problema será resolvido. Sem falar na necessidade de proporcionar aos garimpeiros alternativas viáveis de atividades econômicas, em um Estado onde elas têm sido muito restringidas pelo ambientalismo-indigenismo.
Roraima tem sido bastante prejudicado pela agenda “verde-indígena” ao qual o Brasil tem se submetido, com quase 70% de seu território comprometido com terras indígenas e unidades de conservação. As terras indígenas Ianomâmi e Raposa Serra do Sol juntas têm área quase igual à da Bélgica.
A hidrelétrica de Paredão, que poderia abastecer todo o estado, nunca foi construída. A linha de transmissão Manaus-Porto Velho sequer foi iniciada, por problemas com a Funai. A terra indígena Raposa Serra do Sol excluiu 17 fazendas de arroz irrigado, uma das principais atividades de Roraima. Com vontade política, Roraima poderia tornar-se exportador de eletricidade, arroz, trigo, soja e outros produtos agrícolas, que, junto com a mineração regulamentada e fiscalizada, proporcionaria empregos decentes a dezenas de milhares de pessoas, inclusive indígenas.
Vale observar que, graças à Embrapa, o Brasil é o único país do mundo que pode cultivar soja e trigo na linha do equador terrestre, algo que há poucas décadas era impensável, quando esses cultivos não passavam acima do Paraná.
Mas isso não ocorrerá com radicalismos como os manifestados pela ministra Marina e os que pensam como ela, tanto no governo como fora dele, inclusive na grande parte da mídia que se converteu em caixa de ressonância de tais teses antidesenvolvimentistas e misantrópicas.
Foto: WEF/Sandra Blaser.