Em trânsito neste mês de abril, depois de passar pela China, Emirados Árabes e Portugal, Lula voltou a fazer declarações confusas na Espanha. No Fórum Empresarial Brasil-Espanha, o presidente pediu que os espanhóis fizesses investimento no Brasil porque o nosso país tem taxas de juros muito altas – fazendo referência aos 13,75% da taxa SELIC.
“É impossível fazer investimento com taxa de juros a 13,75%. Espero que a Espanha coloque dinheiro para emprestar mais barato para a gente poder ter empresário que vem aqui buscar dinheiro emprestado”, disse Lula.
Ainda na Espanha, disse trabalhar pela conclusão do Acordo Mercosul – UE, como forma de facilitar os investimentos europeus, para que se possa “reindustrializar o Brasil” com eles. O referido acordo foi assinado em 2019, no primeiro ano do Governo Bolsonaro.
Aliás, nada mais parecido com o governo anterior do que a retórica de que é necessário “buscar investimentos no exterior” e não se organizar internamente para tal. Se a taxa básica de juros no Brasil passa dos 13% a culpa não é dos espanhóis, nem de que agências de governo procuram impedir que se expanda a exploração de petróleo e de minérios na Amazônia por imposições duvidosas de caráter ambiental. Com base nas exportações do agro, minérios e combustíveis, o Brasil vem conseguindo aliviar as contas externas, independentemente das taxas de juros.
Como se não bastasse isso, Lula ainda se envereda a se meter na questão Rússia e Ucrânia, ora pendendo para um lado, ora para o outro, quando o melhor seria manter um silêncio de neutralidade a respeito desses temas.
Se Lula mantém a retórica de apostar no Acordo Mercosul-UE, deve saber que nem que faça todas as condenações à Rússia, isso não será suficiente para aplacar a resistência dos europeus às exportações brasileiras do agro, tendo em vista o movimento para que sejam barradas unilateralmente no bloco produtos brasileiros que, na visão dos europeus, venham de “áreas de desmatamento” – uma clara provocação ao Brasil.
Foto: Ricardo Stuckert.