Nesta semana, foi publicado um artigo no jornal Financial Times no qual funcionários do Departamento de Estado fazem questão de lembrar que o Governo Biden deu apoio ostensivo ao processo eleitoral de 2022, o que, segundo eles, dificultaria qualquer “tentativa de golpe” por Bolsonaro, com ou sem apoio de setores militares, descontentes com o resultado eleitoral que colocou Lula na presidência por uma pequena margem de votos.
Segundo as fontes citadas, haveria insatisfação pela “ingratidão” do Governo Lula em não reconhecer o esforço, que envolveu a visita ao Brasil, em 2022, de autoridades como Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional, Victoria Nuland e o secretário de Defesa Lloyd Austin. Ressentem-se pelo não engajamento de Lula na questão ucraniana e na aproximação do Brasil com a China, ignorando as sanções que os EUA vem impondo ao gigante asiático, sobretudo à Huawei, assim como o fato de o Brasil se unir à China no comércio bilateral real-yuan e na defesa da diversificação das reservas internacionais com outras divisas que não o dólar.
Contudo, tal crítica acontece na mesma semana em que o Secretário de Estado Anthony Blinken foi à China encontrar-se com Xi Jinping. Segundo o discurso oficial, trata-se de uma visita para aparar as arestas na relação bilateral, ensaiando uma reaproximação, depois de anos de tensionamento na relação entre os dois países. Mas na entrelinhas o movimento pode ser percebido como uma medida de contenção de danos diante do fiasco da contraofensiva ucraniana, que fortalece a posição russa no Donbass e assinala a derrota do Estado ucraniano, cabendo aos EUA uma tentativa desesperançosa dos EUA em atrair a China para seu lado, ainda que o próprio presidente Biden não contribua em nada para situação ao qualificar o presidente chinês como “ditador”, em simultâneo à visita de Blinken.
Diante do cenário de batalha na Ucrânia, como podem os estadunidenses exigir mais do Brasil, em apoio à Ucrânia, se boa parte do equipamento militar dos países da OTAN está sendo destruído na contraofensiva do Donbass?
Talvez o que realmente importe no timing desse artigo do FT seja a instalação da CPI das ONGs no Senado Federal. Investigando-se as ONGs, chega-se aos governos estrangeiros que dão apoio político e financeiro, sobretudo os países da OTAN, que encontram nelas meios de interferir na política ambiental e fundiária do Brasil. É possível que haja a percepção no governo Biden que o governo brasileiro não se mobilizou o suficiente para que a CPI não fosse instalada, apesar do apoio que Lula tem no Senado ser bastante restrito. Ainda mais levando-se em conta que nesta mesma semana foi necessária mobilização para aprovar o Regime Fiscal e a entrada de Cristiano Zanin, o advogado de Lula, no STF.
De resto, não cabe mais aos diplomatas estadunidenses lamentar que a relação do Brasil com a China tenha se tornado tão importante, até mesmo em relação aos EUA, já que o volume comercial Brasil e China há anos deixou para trás o comércio Brasil-EUA, sobretudo no agro.
Ameaçar o Lula funciona pois ele é um bunda mole.
Quem fez “mais certo” foi a França que sabe que o Lula é um deslumbrando com a fama e deu pra ele um tratamento de celebridade.
Essa CPI não vai dar em nada. Os políticos bolsonaristas são apenas palhaços vagabundos e incompetentes, eles só querem falar besteira para lacrar/mitar.
Não vai ser dessa vez que vamos expulsar os ONGistas franceses da Serra do Cachimbo. Não vai ser dessa vez que eu vou poder dizer “Au Revoir Shoshanna”.