
O ministro da Fazenda da Argentina e candidato às eleições presidenciais no final do ano, Sergio Massa, realizou uma viagem oficial à China no final de maio para obter investimentos chineses. Na ocasião reuniu-se com uma ampla gama de líderes governamentais e empresariais, garantindo US$ 3 bilhões de instituições chinesas para financiar ferrovias, linhas de energia, projetos de lítio e projetos de energia renovável, ao mesmo tempo em que buscava melhores condições para as exportações agrícolas argentinas para a China.
A viagem veio logo depois de a Argentina firmar com a China vários acordos de swap cambiais entre os respectivos bancos centrais, expandido o comércio bilateral em pesos e yuan. Tais acordos permitiram que o país sul-americano pudesse quitar débitos com o FMI com reservas na moeda chinesa.
Um dos grandes problemas da economia argentina, relacionada com a inflação alta que experimenta há tempos, é o nível baixo de reservas internacionais, com restrições de dólares. Se o Brasil deixou para trás as dívidas com o FMI há vinte anos, para os nossos vizinhos a “crise da dívida” com o fundo nunca terminou. Nesse sentido, a atuação chinesa representa, ao menos momentaneamente, uma mão amiga para quem está se afogando. Além disso, abre possiblidades para uma presença maior da China na economia argentina.
A China, além de ser o principal destino das exportações chinesas, tem uma série de projetos na Argentina. Incluindo um projeto espacial em Neuquen, na Patagônia, e a construção de um porto na Terra do Fogo. Além disso, a Força Área argentina negocia atualmente a compra de caças chineses FC-1 Xiaolong.
Até onde mostram as pesquisas eleitorais, Massa e Javier Milei estão entre os mais cotados para vencer as eleições que estão marcadas para outubro. De um lado, Massa demonstra suas credenciais com o prestígio obtido junto aos chineses, a despeito do desempenho catastrófico de Alberto Fernandez na Casa Rosada, que nem ao menos buscou disputar a reeleição. Milei, representando o ultraliberalismo, por sua vez, defende a dolarização oficial da economia, uma medida que foi tentada no final dos anos 1990, mas com péssimo resultado.
Ao que tudo indica, a Argentina é hoje uma área de disputa entre a China e os Estados Unidos, sendo que este nem projetos de investimento ou linhas de crédito tem oferecer ao país.