
Por Lorenzo Carrasco
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, está apostando as principais fichas do banco na chamada “transição energética”, baseada na “descarbonização” da matriz energética e da economia em geral. Para tanto, acaba de apresentar uma mirabolante proposta para “reflorestar” 50 milhões de hectares na Amazônia, atraindo capitais internacionais comprometidos com a agenda da “sustentabilidade”.
Se concretizada, conhecendo-se o radicalismo das autoridades ambientais brasileiras da escola Marina Silva, uma área duas vezes maior que o estado de São Paulo será virtualmente “santuarizada” e vedada a praticamente quaisquer atividades produtivas modernas. Ou seja, assim como ocorreu no governo FHC, quando o BNDES deixou de ser um banco de fomento para tornar-se um banco de investimento, Mercadante quer convertê-lo em um órgão de “antifomento”, quase de blindagem econômica para a Amazônia.
Mas o mais curioso é constatar que seu antecessor na presidência do banco, Gustavo Montezano, associou-se ao ex-superministro da Economia Paulo Guedes na criação de uma “gestora verde”, a Yvy, com o objetivo de “mobilizar capital internacional em escala para projetos que destravem o potencial brasileiro de oferecer soluções nas mais diversas áreas da transição para uma economia de baixo carbono”. Para ajudar na nobre e potencialmente lucrativa tarefa, contam com vários técnicos do BNDES que trabalharam com Montezano em sua gestão.


E outro sócio é o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevedo, o mesmo que anda proclamando aos produtores agropecuários brasileiros que, em breve, sequestrar carbono será “muitíssimo” mais importante do que produzir alimentos.
Sem dúvida, uma aliança informal bastante promissora para os negócios “verdes”. O problema é que a conta tende a ser paga pelos setores produtivos e, evidentemente, pelos consumidores dos seus produtos.
Um dos pilares do plano de “transição energética” que o governo Lula está cozinhando é a adoção de um imposto sobre as emissões de carbono, ou um “direito de poluir”, como consta do projeto de lei de regulamentação do mercado de créditos de carbono, relatado pela senadora Leila Barros. Enfim, o Brasil parece prestes a cometer outro erro estratégico colossal, impondo desnecessariamente aos seus setores produtivos um peso tributário adicional, cujo resultado deverá ser mais inflação, mais ineficiência econômica e mais desindustrialização.