Integrantes da CPI das ONGs fizeram diligência externa no munícipio São Gabriel da Cachoeira (AM). Participam da comitiva os senadores Plínio Valério (PSDB-AM), Marcio Bittar (União-AC) e Chico Rodrigues (PSB-RR). A visita foi realizada para investigar a transferência de recursos do Instituto Socioambiental (ISA) para as comunidades indígenas. No encontro, lideranças indígenas defenderam a retirada das organizações do território.
Os senadores Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, Marcio Bittar, do União do Acre, e Chico Rodrigues, do PSB de Roraima, embarcaram para São Gabriel da Cachoreira, município brasileiro que faz fronteira com Venezuela e Colômbia, para averiguar as condições dos indígenas que moram na região. A quase 900 km de Manaus, São Gabriel da Cachoeira fica ao noroeste do estado e lá vivem 23 povos indígenas, entre eles os Tukano, os Baniwa, os Baré, os Kuripaco e os Nheengatu. A comitiva foi recebida do distrito de Pari-Cachoeira pelas lideranças desses povos. Plínio Valério, que é o presidente da CPI das Ongs, afirma que a visita objetiva investigar a transferência de recursos do Instituto Socioambiental (ISA) para as comunidades indígenas.
“Basicamente a gente vai comparar o que o ISA diz que fez com os números que apontam para provar in loco. É bom ressaltar que nós fomos solicitados pelos indígenas. Eles denunciaram e falaram: “olha, a CPI tem que vir aqui pra comprovar que nós não estamos mentindo.” Então a gente não quer demonizar ONG nenhuma, mas é certo que o Instituto Socioambiental tem que ser investigado, porque o que eles fizeram no verão passado não foi boa coisa”, afirmou o senador Plínio Valério.
Armindo Tenório Pena, liderança do povo Tukano, defendeu a retirada do território da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro e do ISA. Ele afirma recursos prometidos não chegaram para os indígenas.
“Onde tem bem viver para nós? Não existe bem viver pra nós enquanto a gente não tem transporte, enquanto a gente não tem comunicação, internet nas escolas. Tudo a gente não tem, parentes. É triste, embora a gente tenha chegado tanto dinheiro, né? Vocês acha bom, eu, particularmente, não tô achando bom não. Pessoal da FOIRN, pessoal do ISA, a gente não aceita mais eles não recebendo dinheiro em nosso nome. Como falei antes, eles lá se beneficiando, ficando ricos, e nós nada”, relatou o líder indígena.
Indígenas também repudiaram a criação de projetos de turismo nas comunidades, acordos de convivência e de cooperação técnica, pesca esportiva e assessoria nas eleições. Para as lideranças ouvidas, as ONGs estão manipulando todas as atividades do Alto Rio Negro. Túlio Melício da Silva, da etnia Kuripaco, disse que o Instituto Sociambiental está divulgando produtos indígenas no exterior, como a pimenta produzida pelas mulheres Baniwa.
“Então, agora, nesse momento, o ISA está divulgando o nome da pimenta Baniwa para ser feito lá na Irlanda. Não sei quantos milhões e está dando por isso. E para nós, nada. Então não apresenta resultado para o povo. É isso que eles fazem. Isso me preocupa e as comunidades ficam sofrendo”, de acordo com Túlio.
O relator da CPI, Marcio Bittar, culpou as ONGs pelo empobrecimento dos povos amazônicos e disse que a soberania do país precisa ser resgatada. No final dos trabalhos, o grupo deve enviar às autoridades informações coletadas em caso de indícios de irregularidades. Sob a supervisão de Rodrigo Resende, da Rádio Senado, Luiz Felipe Liazibra.
Fonte: Agência Senado.