Por Lorenzo Carrasco.
O famigerado Fórum Econômico Mundial (WEF) acaba de divulgar o relatório “Encontrando Caminhos, Financiando a Inovação: Enfrentando o Desafio da Transição Brasileira”, com uma série de “recomendações” ao governo e aos empresários brasileiros para fazer do país o “campeão” da agenda climática global – ao mesmo tempo em que se submete definitivamente à pauta das “finanças verdes” e renuncia a qualquer perspectiva de desenvolvimento soberano.
As “cenouras” com que o WEF acena aos brasileiros salivantes, no governo, nos setores financeiros e empresariais, nas ONGs ambientalistas-indigenistas e na mídia, são investimentos externos de US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão), para cuja atração o País terá que fazer o seu “dever de casa”: suspensão imediata do desmatamento ilegal nos biomas Amazônia e Cerrado; estabelecer um mercado de carbono e uma “taxonomia verde” (classificação das atividades econômicas segundo a adoção de normas ESG); uma estratégia nacional e setorial de descarbonização da economia; criar instrumentos financeiros para a transição; agricultura de baixo carbono; promoção da agenda da “descarbonização” entre as pequenas e médias empresas e no sistema educacional.
O relatório mostra sem rodeios a inspiração da coreografia que está sendo ensaiada em Brasília, na Faria Lima e em outros corredores do poder, que discutem a toque de caixa o Projeto de Lei 412/2022, que estabelece a criação de um mercado de carbono de adesão obrigatória para alguns dos principais segmentos da economia, entre eles a siderurgia, cimento, alumínio, petróleo/petroquímica e, possivelmente, a agropecuária.
A arrogância e a certeza com que os autores do relatório demonstram estar “afinados” com o que está sendo discutido nos gabinetes de Brasília e nos escritórios da Faria Lima se mostra na declaração de um dos autores do relatório, Kai Keller, ao “Estadão” de 24/08: “Estamos ansiosos para oferecer um palco para os líderes empresariais e do setor público poderem apresentar sua agenda e serem capazes de não só dar visibilidade ao que está sendo feito, mas também conseguir novas parcerias. Afinal, o capital de R$ 1 trilhão para financiar a transição precisa vir de algum lugar.” Keller não esconde que o setor agropecuário está na alça de mira: “O setor agrícola do Brasil desempenha um papel relativamente maior em sua pegada climática em comparação com as economias desenvolvidas. Enquanto isso, os setores de energia e transporte contribuem muito menos”.
Ou seja, enquanto grande parte do mundo dá as costas ao “Great Reset” de Klaus Schwab, criador do WEF, vale dizer, ao poder hegemônico euroatlântico, o governo e boa parte das elites dirigentes brasileiras correm salivando atrás de uma “cenoura verde”, rumo a um precipício do qual o País terá grandes dificuldades de sair.