
Por Lorenzo Carrasco.
A persistência da solução supremacista de Benjamim Netanyahu pode afundar Israel junto com os EUA e seus aliados europeus, como reconhece num artigo realista o jornalista Thomas Friedman do “New York Times”, publicado no “Estado de S. Paulo” de hoje.
Na realidade a proposta de dois Estados, que está na mesa de negociação entre Israel e Palestina desde 1967, significa colocar um fim à ideia que a civilização deve reger-se por um poder hegemônico baseado na ideologia do da predestinação e no excepcionalismo (base do supremacismo). Essa ideia que alimenta o sionismo radical representado por Netanyahu, tem sido a base do processo colonial nos últimos 400 anos.
Nas últimas décadas, essa ideologia inspirou os “falcões neoconservadores”, que imaginavam, sob o projeto de “um novo Século Americano” (A New American Century), a predominância eterna de um império americano que tinha em Israel seu aliado ideológico mais leal. Desde a década de 1990, esta conduta global dos EUA e seus aliados na OTAN, destruíram toda autoridade mundial legítima, transformando o mundo em gigantesco purgatório, encaminhando-se para um excepcional inferno de um Choque de Civilizações, na versão do cientista político estadunidense Samuel Huntington. O limite de esta etapa da história, que chegou com a eclosão da Guerra na Ucrânia, intensifica-se agora com o Conflito Israel-Palestina. E por favor não venham com a história de que as ações condenáveis de terror do Hamas são injustificadas, porque o avanço dos assentamentos ilegais em terras palestinas continuam como parte essencial do projeto de poder de Netanyahu.
Conclusão: se os EUA não querem afundar junto com o atual líder israelense, terão que impor a seu aliado a retirada dos assentamentos ilegais das terras palestinas, tal como a França teve de retirar um milhão de franceses da Argélia, graças à postura de estadista de Charles de Gaulle. Esse será o custo para estabelecer a paz verdadeira entre duas nações que foram levadas ao conflito por decisões geopolíticas anglo-americanas.