Ontem, na minha live, alguém citou o nome de um tal de Carlinhos Maia, que, segundo consta, teria mais de 30 milhões de seguidores. O indigitado seria uma super celebridade das redes, inclusive com ganhos astronômicos devido ao seu trabalho fenomenal.
Ao ver esse número assombroso de alguém com o qual eu jamais topei na vida digital, eu tranquilamente posso afirmar que esses números são falaciosos, pois estatisticamente, com 15% da população geral do país e pelo menos 30% da população adulta, seria humanamente impossível eu não ter esbarrado nele.
Pesquisando sobre o assunto esbarrei no “topônimo” farm streaming, que literalmente significa fazenda de transmissão, ou fraude de assistência, uma forma de forjar dados virtuais para usar os números a favor do indigitado em tela.
Isso explica fenômenos a nossa volta e como nós, produtores de conteúdo independente, encontramos uma barreira na profissionalização da canalhice, na manipulação orquestrada por gangues ou bandos, e o que é pior, o aparecimento de fenômenos sazonais.
Isso escancara uma indústria que inclusive está ligada à lavagem de dinheiro, porque, para quem não sabe, o deságio padrão no mundo do crime para lavar dinheiro pode chegar a incríveis 75%.
Mas o que isso quer dizer, pode traduzir?
Óbvio, tranquilamente: isso quer dizer que você ao entregar a um “operador” do sistema de lavagem de grana, para cada dólar ou real sujo, ele te entregará 25 centavos legais.
Dá para traduzir? Sim, fácil. Quer dizer que fenômenos midiáticos e fortunas invejáveis não foram feitos por engajamento natural e conquista pessoal, mas por fruto de um intrincado mecanismo de gasto excessivo com retorno deficitário, ou seja, se investe mais do que se arrecada, mas esse dinheiro arrecadado é limpo, honesto e fruto de um trabalho, digamos, honesto.
Isso quer dizer que então esses youtubers estão envolvidos nessa lavagem de dinheiro, todos são fraudes, que na realidade não passam de criminosos comuns?
A resposta certa é, a princípio, não. São pessoas muitas delas comuns, que mantinham canais sofríveis, mas que foram “escolhidos” por “caça talentos” que os cooptam, contratam, e lhes pagam pequenas fortunas para serem usados como um belo instrumento onde é implantado o famoso “ganha-ganha”, onde todos ganham e todos são felizes.
São inscrições de milhões, são milhões de visualizações mensais, são contratos milionários de propaganda e, de uma hora para outra, surge um novo fenômeno, tirado do nada, mais uma super sub celebridade saída de uma laundry do mercado.
Urge não a censura da rede, urge a fiscalização nos mesmos moldes das empresas de comunicação aberta, a investigação a fundo de todos esses fenômenos e o que realmente se esconde por trás disso. O fechamento e o banimento dessa atividade, que, repito, é fácil de se combater, se consegue apenas vontade “política” para moralizar a maior plataforma de comunicação jamais criada na humanidade.
Rubem González