Por Felipe Quintas.
Lula não é identitário, mas toda a base petista é ou tem o rabo preso com estes. Como Lula não pode governar sem nomear petistas, acaba lotando o governo de identitários. E por “”identitarismo” não me refiro a pautas que já foram socialmente aceitas ou normalizadas e fazem parte hoje até do ideário da direita, como cotas e casamento gay, mas aberrações como racialismo, criança trans, desencarceramento e aborto aos 9 meses.
A política fiscal e monetária de Haddad é medíocre, mas acaba sendo prudente, mal menor, se se levar em conta que o Governo não tem um Delfim Netto (ministro da Fazenda de vários governos militares) e um João Paulo dos Reis Velloso (ministro do Planejamento nos governos Medici e Geisel) para tocar uma verdadeira estratégia de desenvolvimento. Colocar militantes de DCE como Gleisi Hoffmann ou Lindberg Farias para manobrar instituições desenvolvimentistas é como colocar uma criança para pilotar um carro de Fórmula 1. Para piorar, os desenvolvimentistas que estão com o atual Governo são, na melhor das hipóteses, bons acadêmicos, mas muitos são uma piada mesmo, inclusive intelectualmente. A situação é tão feia que quem melhor pensa em termos de desenvolvimento no Governo é Geraldo Alckmin, que contribuiu para desindustrializar o Estado de São Paulo.
Na questão palestina, Lula demonstra posição firme e correta, mas ela é puramente moral, sem repercussão prática interna, sendo, portanto, incapaz de mobilizar ou repelir apoio político efetivo. No frigir dos ovos, ninguém liga para Israel e Palestina. Se nem o mundo árabe se importa de fato, muito menos o povo brasileiro.
O governo Lula tem bons e maus momentos, tem aspectos interessantes e outros negativos, mas, em geral, é um governo medíocre, incapaz de dar melhor rumo ao Brasil. A sorte dele é que a oposição, liderada por Bolsonaro, é muito, muito, mas muito ruim, e consegue a proeza de se mostrar ainda pior que a esquerda quando ela era oposição.
Faço votos para que surjam alternativas que reagrupem o cenário político para fora da polarização “democratas x republicanos” que se instaurou aqui. De políticos com projeção nacional ou que buscam construí-la, vejo Aldo Rebelo e Ronaldo Caiado como ótimos nomes. Gostaria que formassem uma chapa presidencial, mas isso é apenas um desejo meu. A realidade determinará o possível.