
Por Lorenzo Carrasco.
Uma reportagem no “O Globo” de hoje expõe o que é de conhecimento público: a absoluta falta de apoio no Congresso Nacional às pautas da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Segundo os autores, “até agora, a auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu emplacar nenhuma de suas pautas no Congresso. Ao acumular derrotas, Marina também não teve condições de barrar a aprovação de textos contrários à agenda ambiental”.
De acordo com eles, “o protagonismo da frente parlamentar é evidente na redação de projetos relacionados ao meio ambiente. Na maioria dos casos, os ajustes feitos pelos integrantes desse bloco buscam a flexibilização de medidas de proteção para facilitar a exploração de atividades econômicas”.
Este é precisamente o “x” da questão. Louvada e endeusada no exterior, Marina e sua agenda ambientalista radical (reforçada pela de sua colega dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara) não escondem um caráter abertamente antidesenvolvimentista, contrário até mesmo a iniciativas como o asfaltamento de uma rodovia já existente, a BR-319 Manaus-Porto Velho, sem falar em empreendimentos de grande alcance estratégico para o País, caso da exploração de hidrocarbonetos na Margem Equatorial Brasileira.
O que os parlamentares vêm se empenhando em fazer é tratar de simplificar a aplicação da draconiana legislação ambiental brasileira, feita sob medida para engessar os setores produtivos. E a falta de interesse da ministra em dialogar com o Congresso se mostra no escasso número de reuniões com parlamentares na sua agenda, não tendo se reunido uma vez sequer com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.
O resultado é que, além de usar os órgãos ambientais, principalmente o Ibama, para obstaculizar empreendimentos como os citados, o que ela tem feito é aproximar-se do setor financeiro, agarrando-se nas vagas promessas de investimentos “sustentáveis” do exterior. Por sua vez, tais investimentos se mostram cada vez mais ilusórios e fugidios, haja vista as fortes reações contra os excessos da burocracia “verde” e da famigerada agenda ESG, nos EUA e na União Europeia.
Não foi por acaso que a secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni (ex-USAID, ex-Greenpeace Internacional, ex-Transparência Internacional, ex-Instituto Clima e Sociedade), lamentou que os países em desenvolvimento já se deram conta da extensão da patranha dos investimentos “climáticos”. Como disse à “Folha de S. Paulo”: “Foi acordada [em 2015] a meta de US$ 100 bilhões, o que a gente já sabe que é muito pouco pela emergência climática. Mas, por não haver o cumprimento dessa meta até agora, esse tema está paralisando a possibilidade de outros acordos em outras áreas. É isso que a [conferência climática] COP-29 tem que entregar: quem vai pagar, quando e como”.
Na Europa e na América do Norte, produtores, investidores e o público em geral estão de olhos cada vez mais abertos. Por aqui, é questão de tempo.