A incontestável incapacidade de Ernesto Araújo frente à chancelaria do Itamaraty já começa a mostrar resultados: a ascensão da China em nossa região. Embora possa parecer contraditório, aos poucos seu trabalho começa a mostrar resultados concretos. As tolices da turma do “monstro do pântano da Virgínia” frente às relações internacionais seriam dignas de gargalhadas não fossem tão trágicas e nocivas ao país.
Em sua luta caricata “anticomunista”, Ernesto Araújo coleciona derrotas estrondosas. Sob sua regência, o Brasil virou as costas aos africanos, considerando-os países e mercados sem importância – e a China tomou conta do espaço. Também fechou os olhos ao seu entorno estratégico na América do Sul, e tentou impor sua vontade aos seus vizinhos com agressividade. Novamente, com o rabo entre as pernas, assistimos a China abocanhando um mercado e assumindo uma posição antes ocupada pelo Brasil. Apesar de nossa dotação natural e geográfica, ficamos renegados à posição de subalterno.
O Itamaraty bradava aos quatro ventos um “alinhamento automático com o EUA”. O resultado foi de um encolhimento na balança comercial com os estadunidenses. Desde então, as exportações para o EUA caíram pela metade, encolhendo de 15% para 8%. Não bastasse, na última semana a Casa Branca anunciou a redução da cota de importação de aço brasileiro, impondo mais uma pesada derrota à siderurgia nacional.
Ao que parece, todos os esforços do Itamaraty estão se revertendo em favor do país asiático-comunista, tendo em vista o recorde na balança comercial nos últimos dezoito meses. Definitivamente, os chineses não poderiam ter encomendado melhor preposto. Afinal, a partir da radicalização brasileira contra a Venezuela ao endossar os embargos e um possível ataque norteamericano, nosso vizinho foi empurrado à compra de equipamentos militares russos e forçado a realizar acordos com os chineses em escalas jamais vistas antes. Ao renegar o pragmatismo histórico desempenhado pelo Brasil em seu entorno, trouxe para a nossa vizinhança uma crescente presença de potências estrangeiras.
De acordo com as ideias burras de Ernesto Araújo, entorpecido pela demência senil de Olavo de Carvalho, o Brasil deve embarcar em uma luta do ocidente contra o oriente, não importando as consequências. Em meio à cruzada imaginária e infantilizada, seu atestado de incompetência respalda os resultados desfavoráveis apresentados. Colocando a nação a serviço de seus delírios, impõe ao Brasil uma posição cada vez mais alheia ao protagonismo na geopolítica do mundo multipolar.
Para satisfazer seu raciocínio primário, Ernesto apostou unicamente em relações bilaterais ideológicas, assim nos forçando ao encolhimento. Antes, tínhamos confiança e penetração em nosso entorno estratégico, e agora somos vistos como hostis. Ao mesmo tempo, países de fora do continente aproveitaram esse movimento e ofereceram afago aos nossos vizinhos descontentes. Com isso, seguimos perdendo mercado e influência em nossa própria região, tornando-nos cada vez mais dependentes e submissos ao mercado chinês. Insistentemente, coloca os interesses brasileiros em último plano, atribuindo ao Brasil o papel de coadjuvante em seu próprio destino.
O contraste do vice-presidente Hamilton Mourão
Enquanto isso, o vice-presidente Hamilton Mourão, durante participação no evento Fórum BandNews, dedicou-se a exaltar a necessidade de uma integração sul-americana, a relevância da integração logística com os portos da costa ao pacífico, e também das oportunidades existentes no continente africano – considerando-o um polo econômico e político em ascensão. “Ainda perdura dentro do Brasil certa visão de que nós não temos essa importância no contexto internacional”, pontua.
No bloco destinado a tratar do BRICS, marcou posição inequívoca do Brasil perante o grupo. “Favorecemos iniciativas que gerem benefícios concretos para a população de todos os cinco países, e estamos definitivamente engajados nesse processo”. Também deposita expectativas de que resultados da cúpula de São Petersburgo, prevista para o último trimestre deste ano, possam aprofundar a cooperação em temas tangíveis para nós brasileiros.
Tal como já fizera noutras oportunidades, Mourão aproveita para afirmar novamente a visão a ser adotada pelo país, a ser orientado pelo pragmatismo e flexibilidade. “Não existem amizades eternas, nem inimizades perpétuas. Existem os nossos interesses, os interesses do povo brasileiro” – inspirando-se na citação atribuída a Lorde Palmerston, estadista inglês do século 19. Assim, o vice-presidente traz para si a atribuição tipicamente desempenhada pelo Ministério das Relações Exteriores, demonstrando ciência da incapacidade notória do atual e caricato ocupante.