A subida da aprovação do Bolsonaro não é resultado apenas do auxílio emergencial, mas também da falência da narrativa do “fique-em-casa-até-a-ciência-dizer-que-pode-sair”.
Bolsonaro se fortaleceu não por ter feito alguma coisa boa, mas pela oposição ter apostado todas as suas fichas num confinamento inviável e sem nenhum respeito e consideração pelas necessidades econômicas, sociais, psíquicas e biológicas das pessoas.
Bolsonaro, que não moveu uma palha desde que assumiu para gerar empregos, ainda posa hoje de paladino dos empregos ao usar a pandemia como tapete para os resultados funestos do privatismo do seu desgoverno, que já vinha desmanchando o país desde antes da pandemia. Pequenos comerciantes, profissionais liberais e os empregados deles, que não fazem ideia da importância do investimento público para o desenvolvimento do país (pudera, quem explicou isso a eles nas últimas décadas?), compraram essa ideia, convincente no plano da percepção imediata e que não deixa de ser totalmente errada, pois muitos pequenos negócios, que já vinham mal mas podiam subsistir, simplesmente quebraram de vez.
Posso estar enganado e espero estar, mas o que vejo entre as pessoas comuns é uma carga de ressentimento muito grande contra o confinamento e seus arautos, prestes a explodir em uma votação considerável para os candidatos bolsonaristas em várias cidades de médio e grande porte, principalmente no centro-sul. Muitos deles, como Luiz Lima, candidato do PSL à cidade do Rio de Janeiro, ainda nem deram as caras, mas quando as engrenagens profundas do “zapzap” começarem a se mexer e mobilizar esse ressentimento latente, não vai ter grito de “genocida” que segure.
Por Felipe Quintas