Na noite do dia 29 de setembro, tivemos a oportunidade de assistir ao debate televisionado entre candidatos à presidência dos EUA: Donald Trump vs. Joe Biden. Em um determinado momento, o apresentador solta o tema do Aquecimento Global e proteção ao meio ambiente. Pergunta ao Presidente Trump porque o seu governo tirou os EUA do Acordo de Paris sobre emissões de gases poluentes. Trump disse que há menos poluição do ar e das águas no seu governo e que os incêndios na Costa Oeste se devem a má gerência dos governadores, citando o da Califórnia. Se é verdade ou não, não vamos entrar no mérito.
O que nos chama a atenção, e nos faz ligar o nosso alerta, foi o fato de Joe Biden, contestando seu adversário, citar o Brasil. O candidato democrata propõe oferecer um fundo de US$ 20 bilhões para a “conservação das florestas”, e caso o Brasil não “cumpra sua parte”, irá impor sanções. Isso mesmo, Biden ameaça, no debate presidencial, o Brasil de sanções.
Alguns podem argumentar que Trump conduz uma política extremamente agressiva contra a Venezuela, capitaneada por seu Secretário de Estado Mike Pompeo, que inclusive se interessou em conhecer Roraima, ainda em setembro deste ano. Contudo, cabe lembrar que Trump apenas dá continuidade à política da administração anterior de Barak Obama. Esta sim impôs severas sanções ao país vizinho, na mesma época que a crise política do segundo governo Dilma se acentuava. Com Lava Jato, Eduardo Cunha, pedaladas fiscais e tudo. Não restando pedra sobre pedra, como disse a ex-presidente.
Cabe lembrar, que da retórica agressiva, Trump não tem a guerra contra Venezuela como a única opção. Conforme o PORTAL RUBEM GONZALEZ já afirmou aqui, uma reaproximação entre os EUA e o regime bolivariano, com ou sem Maduro, ainda é possível, sobretudo após o fracasso da empreitada de Juan Guaidó, o suposto “presidente legítimo” da Venezuela. O mesmo Trump, que a despeito do ataque que matou o General Soleimani do Irã, ainda não iniciou nenhuma guerra ou bombardeios em massa, ao contrário de seus antecessores no cargo, incluindo o ganhador do Prêmio Nobel da Paz Obama.
Voltando à proposta de Biden, cabe também lembrar que os EUA, independentemente da administração, não fazem doações sem condicionalidades (e quem o faz, na verdade?). Provavelmente, boa parte dos recursos seriam canalizados para ONGs e outras instituições alheias ao governo brasileiro, sujeitas as famosas regras de “governança global”. Ou seja, na verdade pouco beneficiaria a população das regiões cobiçadas internacionalmente de florestas, como a Amazônia. Quer que o Brasil abra mão da soberania sobre o território para se agradar uma suposta comunidade liberal-cosmopolita de fora, que só conhece a floresta tropical por meio de filmes e documentários Netflix. Ou será que alguém como Biden abriria mão do conforto para viver no meio de uma comunidade ribeirinha amazônica, sujeito a contrair malária e outras doenças tropicais? Só para sentir como é.