
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro foi contratado como sócio-diretor da Alvarez & Marsal, uma consultoria norte-americana, para atuar na área de Disputas e Investigações. A Alvarez & Marsal é administradora judicial da Odebrecht e assessora financeira na recuperação da Sete Brasil, além de ter sido contratada pela Queiroz Galvão para reestruturação do grupo. Todas essas empresas estão em situação econômica delicada desde que foram devassadas pela “Lava Jato”.
Está incluído na recuperação judicial da Odebrecht o pagamento atrasado de remuneração devida a 42 delatores da empresa, que, juntos, cobram quase R$ 500 milhões, de acordo com notícia do jornal O Globo.
Segundo a empresa, a contratação de Moro “está alinhada com o compromisso estratégico da A&M em desenvolver soluções para as complexas questões de disputas e investigações, oferecendo aos clientes da consultoria e seus próprios consultores a expertise de um ex-funcionário do governo brasileiro”.
As ligações de Sergio Moro com os Estados Unidos são bastante “carnais”, para ficar na expressão usada pelo ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999), para justificar seus fortes vínculos com aquele país. Há mais de dez anos ele passou a frequentar cursos “anticorrupção”, de combate à lavagem de dinheiro. Anos depois de ter julgado processos relativos ao Caso Banestado, no qual bilhões foram enviados ilegalmente para fora do país por contas especiais. Mas antes de ter se tornado a estrela da “Lava Jato”, com todos os holofotes da Globo, para quem vazava áudios exclusivos e que sempre estava com as câmeras prontas em todas as operações bombásticas da força-tarefa.
Depois de permitir a quebra da gigante Odebrecht, depois de devassar a Petrobras, avaliando acordos internacionais, em estreita colaboração com autoridades dos Estados Unidos, que fizeram a estatal do petróleo pagar indenizações bilionárias a “investidores externos”, em troca de condenações e delações premiadas, Sergio Moro quer arriscar-se na moda dos acordos de compliance, envolvendo, agora, a mesma Odebrecht, cuja a falência está a cargo da Alvarez & Marsal.
Já não mais membro do Governo Bolsonaro, com quem agora está brigado, Moro pode disputar com Luciano Huck, Guilherme Boulos e outros, o posto de ícone local do movimento pelo Reset Global. Sua contribuição pelo desmonte de setores importantes da indústria ele já deu, além de seus contatos com autoridades dos EUA e de Davos também contar positivamente. Ainda que negativamente para o país como um todo.
Com informações do Consultor Jurídico (conjur.com.br)