Quando o analista internacional Igor Panarin escreveu, há mais de anos, que os Estados Unidos iriam se dividir em seis países, por causa da crise financeira que se abateu em 2008, muitos acharam que estavam, no mínimo, exagerando ou trataram como piada. Diante do que aconteceu hoje em Washington, dia 6 de janeiro de 2021, poucos achariam graça.
A invasão do Capitólio, sede do Legislativo federal dos EUA, foi fruto de um movimento que vinha crescendo desde o anúncio dos resultados nas eleições, ainda em novembro. No dia da diplomação da chapa Joe Biden-Kamala Harris, que também coincidiu com os resultados das eleições para o Senado Federal, foi marcada uma mega manifestação, com carreatas chegando a Washington do interior do país. Talvez tenha havido, por parte da polícia do Capitólio e da cidade, um erro de avaliação, quanto ao volume dos protestos. Talvez tenha havido facilitação para que entrassem. De qualquer forma, as imagens dos manifestantes dentro das casas legislativas entraram para a história.
Após as tropas da SWAT do FBI entrarem no Capitólio para retirar os manifestantes – e a Guarda Nacional ser convocada – o Senado voltou a se reunir, sob a presidência do Vice-Presidente Mike Pence, para homologar a diplomação da chapa eleita. Isso aconteceu após se confirmar a morte de uma manifestante por um tiro no pescoço. Quem sabe, a primeira mártir do movimento.
No Brasil, houve uma grande condenação ao ato, vinda de várias lideranças políticas e midiáticas, tirando Jair Bolsonaro, que reiterou as acusações de fraudes feitas constantemente por Trump. Essas reprimendas vieram sobretudo da Esquerda, a mesma que louvou as “jornadas de junho” de 2013 e as manifestações do Black Lives Matter, em meados do ano passado, quando lojas e até mesmo residências foram vandalizadas. Muitos, impossibilitados pelo sonho de tomar o Palácio de Inverno – como Lenin e os bolcheviques fizeram em outubro de 1917 – hoje contentam-se em assumir o papel de “marias antonietas”, lamentando o “ódio irracional” da “turba fascista”, enquanto os que invadem o Congresso dos EUA não empunham as bandeiras que eles, a “esquerda consciente”, considerariam legítimas de serem carregadas. Lamentam mesmo a “falta de bom gosto” do manifestante trajado à Buffalo Bill.
No mais, seguem avalizando o sistema eleitoral estadunidense – o mesmo que, sem um sistema de Justiça Eleitoral em nível nacional, permitiu historicamente que negros fossem impossibilitados de votar. Nas eleições de 2020, até mesmo votos pelos correios foram aceitos, de modo que qualquer dos lados que perdesse as eleições poderia alegar fraude.
De nossa parte, preferimos analisar friamente os acontecimentos e pensar em como eles podem afetar o Brasil. Se antes o alinhamento automático era a linha da política externa desde janeiro de 2019, pelo menos, isso vai ter que mudar. O “Farol da Democracia” em Washington está definitivamente em lusco-fusco.
Seja o que aconteça nos próximos 14 dias, o fato é que se criou um movimento para fazer polarização com o BLM, independentemente do destino de Donald Trump após a presidência. Por hoje, teve sua conta no Twitter bloqueada, por sua denúncia de fraude nas eleições ser considerada “discurso de ódio”.
Situação complicada, o ocidente está muito polarizado, rezemos, dias duros estão por vir!