A Organização da Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE) anunciou que vai criar um grupo permanente de monitoramento sobre a corrupção no Brasil. Nunca antes a OCDE, organização criada no Pós-II Guerra para coordenar a reconstrução econômica da Europa Ocidental, engajou-se em igual iniciativa.
A entrada do Brasil nesta organização, cujo pleito foi anunciado logo no início do Governo Bolsonaro, foi pauta prioritária dos ministérios mais alinhados com os interesses estadunidenses, ou seja, os ministérios da Economia e das Relações Exteriores. Desde então, a OCDE tem feito advertências contra a capacidade do Brasil em debelar a corrupção, criando mecanismos institucionais para tal. Contudo, na época em que apresentou sua candidatura, o país ainda tinha o apoio de Donald Trump, que hoje não ocupa mais a Casa Branca.
Preocupa a OCDE, sobretudo, o fim da Lava Jato, vista por ela como instrumento essencial de combate à corrupção, assim como o afastamento de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, ocorrido há um ano, e a interrupção das investigações sobre o Senador Flávio Bolsonaro. A isso, se somam denúncias feitas por amplos setores da oposição sobre a má conduta do Presidente da República no combate à pandemia, incluindo aí as acusações de “genocídio”, também feitas por “celebridades de redes sociais”, como Felipe Neto.
Por outro lado, o grande retrocesso na economia, experimentado desde a instauração da mesma Lava Jato que a OCDE defende com unhas e dentes, tendo em vista que a economia brasilerira ainda está menor do que estava em 2013, não parece ser a maior das preocupações da organização gringa. Assim sendo, cabe a pergunta: OCDE para quê? A resposta dos “especialistas” da mídia e do governo é sempre que a entrada faria alavancar os milagrosos “investimentos externos”. Contudo, mais proveitoso do que fazer tudo para agradar aos estrangeiros em troca de promessas futuras é usar a poupança interna e capacidade do governo em alavancar obras em infraestrutura para recuperar a nossa capacidade produtiva. Se possível usando os superávits do setor agro para tal, aproveitando-se de um possível volta de um boom das commodities. Nesse caso, os investimentos externos no setor produtivo aumentariam, com ou sem o Brasil na OCDE, e sem a Lava Jato, que somente serviu para destroçar a indústria do petróleo, naval e construção civil.
Bolsonaro já viu que é possível governar sem Sergio Moro, agora falta descobrir que a prosperidade ansiada por todos pode vir olhando para dentro, sem copiar modelos de fora. Algo que muitos até de seu eleitorado, ainda fiel, esperam dele.