
O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, causou alvoroço na CPI da Covid ao dizer que a comissão teve, por efeitos práticos, afastar novas empresas fornecedoras de vacina.
Um dos focos principais da CPI é o contrato superfaturado com a empresa indiana Covaxin, que teria intermediários em empresas brasileiras e em agentes públicos do Governo Federal. Um dos implicados, segundo a CPI, seria o próprio Barros, ex-ministro da Saúde.
O fato é que o contrato com a Covaxin foi empenhado pelo governo, mas foi cancelado. Ou seja, o Governo Federal não chegou a concluir a compra, de maneira que o dinheiro não saiu dos cofres públicos. Por sua vez, a Anvisa não deu autorização para o uso no Brasil da Sputnik V, a vacina russa usada em diversos países, que inclusive está sendo fabricada aqui em um convênio com uma indústria privada, a União Química.
Na semana passada, tivemos a visita do assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan ao presidente Jair Bolsonaro. Os temas que foram discutidos foram a 5G, a não interferência nas eleições do ano que vem e, muito provavelmente, que empresas estadunidenses, como a Pfizer e a Johnson & Johnson, mantenham a prioridade sobre o mercado bilionário das vacinas no Brasil. No último mês de maio, o governo brasileiro comprou 100 milhões de doses da Pfizer e 38 milhões da Jansen (Johnson & Johnson).
Cabe lembrar que a CPI começou com a pressão sobre o governo por não ter atendido os pedidos da Pfizer e “ignorado os e-mails” da farmacêutica. Foi com esta plataforma que o senador Randolfe Rodrigues se destacou na CPI. Recentemente Randolfe foi condecorado pelo governo da França não só por sua “luta pelo meio ambiente” como pela disposição na CPI da Covid. O estado que o senador representa, o Amapá, faz fronteira com a França pela Guiana – que nada mais é do que o território ultramarino francês.
Ao menos no que diz respeito às vacinas, a diplomacia estadunidense para o Brasil vai de vento em popa.