Por Iniciativa Brasílica
No livro “Marcha para o Oeste” de Cassiano Ricardo (1940) a presença dos “Tapanhunos” (como os índios tupis chamavam os negros africanos, que significa “estrangeiro negro” ou “inimigo negro”) nas bandeiras é confirmada desde o Século XVI.
Já em 1590, escravos da Guiné e de Angola, de Afonso Sardinha, participavam das entradas de Piratininga: “Negro de Piratininga é Negro de Bandeira” afirmava Sardinha.
Nos inventários dos bandeirantes Raposo Tavares e Bartolomeu Bueno existem relações de escravos que não só acompanhavam seus amos nas “correrias do século”, mas também participavam intensamente das expedições, portando armas de fogo na caça aos índios.
Como exemplos, temos a Bandeira de Sebastião Raposo, com ampla participação de “mucamas” ou as expedições do Padre João Álvares no início do Século XVII, na qual participavam exclusivamente, índios e negros, chefiada por um mulato chamado “João Olho Torto”
Nas palavras de Cassiano Ricardo: “era comum o casamento dos bandeirantes paulistas com mulheres mulatas. A bandeira chefiada por negros também não era nada de espantar. Também negro foi um descobridor do ouro nas Minas Gerais”. Segundo o relato do Padre Antonil e de Basílio de Magalhães, foi o Bandeirante Paulista Duarte Lopes, negro, quem em 1694, localizou a existência de metal e ouro nas minas de Mariana e Itaberabe, quando integrante da bandeira de Antônio Rodrigues.
Muitos deles lutaram heroicamente, como os Ilustres desconhecidos Sebastião Benguela, Maria Mulata , “Manduassu”, Maria Parané e Antônio Angola, que se destacaram na luta contra os índios Paiaguás durante a Conquista do Mato Grosso no Início do Século XVIII.
Inúmeros troncos familiares tem origem nos Bandeirantes Negros, que se uniram com mulheres Indígenas, e se espalharam por Goiás e o Mato Grosso.